" Eu vi um poço fundo e escuro; em sua borda havia um balde amarrado em uma corda. Eu vi o balde sendo baixado para dentro do poço e, quando ele foi novamente puxado para cima e para fora da escuridão, ele estava transbordante de água clara e pura. Eu ouvi as palavras: Bem dentro de cada alma existe a pureza do Espírito. Procure sem pressa até encontrá-la e, então traga-a à tona." Eileen Caddy
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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Osho - Necessidade e desejos





Os desejos são muitos, as necessidades são poucas. As necessidades podem ser satisfeitas; os desejos, nunca. Desejo é uma necessidade que enlouqueceu. É impossível satisfazê-lo. Quanto mais você tentar satisfazê-lo, mais ele pedirá.



Conta uma história sufi que, quando Alexandre morreu e chegou ao paraíso, ele estava carregando todo o seu peso: todo o seu reinado, ouro, diamantes - é claro que não em realidade, mas como uma idéia.



Ele estava demasiadamente oprimido pelo fato de ser Alexandre. O guardião do portal do paraíso começou a rir e perguntou: "Por que você está carregando tanto fardo?"



Alexandre retrucou: "Que fardo?". Então o guardião lhe deu uma balança, em um dos seus pratos colocou um olho e pediu a Alexandre para colocar no outro prato todo o seu peso, sua grandeza, seus tesouros e o reinado.



Mas aquele olho ainda permaneceu mais pesado que todo o reino de Alexandre. O guardião disse: "Esse é um olho humano. Ele representa o desejo humano e não pode ser satisfeito, não importa quão grande seja o seu reino e quão intensos sejam os seus esforços."



Depois, o guardião jogou um pouco de poeira no olho, que imediatamente piscou e perdeu todo o seu peso.



Uma pequena poeira de entendimento precisa ser jogada no olho do desejo. O desejo desaparece e permanece somente a necessidade, que não é pesada. As necessidades são muito poucas e são belas. Os desejos são feios e transformam os seres humanos em monstros; eles criam loucos.



Assim que você começar a aprender a escolher a serenidade, um pequeno quarto será suficiente, uma pequena quantidade de comida será suficiente, poucas roupas serão suficientes, uma pessoa amada será suficiente.



Osho


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Sobre a inocência que produz o vazio da mente



As nuvens acumuladas sobre a linha do horizonte formavam um magnífico espetáculo de luz e cor que só era interrompido no poente claro e luminoso. Algumas eram de aspecto ameaçador, negras e carregadas de chuva e trovão, em contraste com a delicadeza das nuvens brancas que irradiavam luz e esplendor. Empilhadas umas sobre as outras, numa gama infinita de forma e tamanho, elas transmitiam incrível vigor e beleza. Apesar da aparente imobilidade, seu interior era extremamente violento, e nada poderia deter-lhe a avassaladora grandeza. Do poente, uma brisa suave impelia aquelas gigantescas nuvens na direção dos montes que com elas formavam um imponente cenário de sombra e luz. A vegetação que cobria os morros e as cidadezinhas ali existentes ressentia-se do longo período de estiagem; com a chegada de mais um inverno, não tardariam as árvores a colorir-se de verde para, em seguida, perder novamente todas as suas folhas. A estrada era uma reta cercada de árvores frondosas e o carro mantinha-se em alta velocidade, até mesmo nas curvas. A velocidade é a razão de ser do automóvel, cujo desempenho, naquela manhã, era excepcional. O carro vinha colado à pista, talhado para aquele papel que tão bem desempenhava. Logo estávamos na cidade (Roma), mas aquelas nuvens imensas pendiam sobre o horizonte em ameaçadora expectativa.

No completo silêncio da noite, em Circeo, interrompido apenas pelo pio intermitente da coruja, enquanto repousávamos na pequena cabana no meio do bosque, o êxtase da meditação invadiu-nos o ser. Sem o mais leve frêmito do pensamento e suas sutilezas, ele fluía sem cessar, paralelamente à mobilidade do cérebro, que, do vazio, tudo observava. Este vazio desconhecia toda forma de saber e jamais conhecerá o espaço ou tempo. Era um vazio de natureza transcendente. Nele havia a fúria devastadora da tempestade, a comoção do universo em explosão, a inexprimível fúria da criação. A vida, o amor e a morte estavam ali contidos, e nada seria capaz de preencher, transformar ou encobrir aquela imensidão. A meditação se passava no supremo êxtase desse vazio.

O sutil inter-relacionamento entre a mente, o cérebro e o corpo é a essência da difícil arte de viver. Surge o sofrimento quando um desses fragmentos predomina entre os demais e a mente se torna incapaz de controlar o cérebro ou o organismo físico; quando existe harmonia entre o corpo e o cérebro, a mente deixa de ser mero joguete de ambos. O todo contém o fragmento, mas a parte jamais poderá abarcar o todo. A harmoniosa convivência daqueles dois elementos exige extrema sensibilidade e inteligência, quando impedidos de forçar, discriminar ou dominar. Efetivamente, o intelecto pode danificar até mesmo destruir o corpo, e este, por sua vez, embotado e insensível, corrompe e causa deterioração do intelecto. Ao descuidarmos do corpo, na complacência e satisfação dos próprios desejos e apetites, concorremos para o seu embrutecimento e insensibilidade, o que conduz à letargia do pensamento. E o requinte e astúcia do pensamento conduzem ao desleixo do corpo, que, por sua vez, afeta e distorce o pensamento. O excesso de peso e a gordura interferem no delicado mecanismo do pensar e este, ao tentar escapar aos conflitos e problemas de sua própria criação, afeta o organismo. A capacidade de acompanhar o movimento veloz e sutil da mente exige grande sensibilidade e harmonia do corpo e do cérebro. A mente, então, deixa de ser mero joguete do cérebro que age de forma mecânica.

A percepção da necessidade vital da mais completa harmonia entre o corpo e o cérebro os torna sensíveis e isentos de qualquer maneira de domínio. A percepção da verdade é definitiva, seja ela negada, seja evitada ou sublimada. A compreensão do fato, e não a sua avaliação, é fundamental. Percebendo-se esta verdade, o cérebro torna-se consciente dos hábitos, como fatores de deterioração do corpo, banindo toda espécie de controle e disciplina, impostos pelo pensamento. Insensibilizando-se através do controle ou da repressão, o corpo conhece a decadência e a deterioração.

Ao acordarmos, quando já não havia o ruído dos carros subindo a ladeira, o perfume do bosque impregnava a atmosfera e a chuva batia de leve na janela; mais uma vez, aquela estranha benção inundava o quarto com a fúria da tempestade, o ímpeto de um rio caudoloso e o poder da “inocência”. Tamanho o vigor daquela energia que toda forma de meditação findava, e a sensibilidade do cérebro nascia de seu próprio vazio. Apesar da sua intensidade ou até mesmo por causa dela, permaneceu viva e atuante por longo tempo. Diante daquela benção, o cérebro tornou-se vazio. Da destruição dos pensamentos, dos sentimentos e visões restava o vazio em que nada existia.

Krishnamurti — 03 de outubro de 1961

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O paradoxo de uma vida sem tempo



Se estivermos com muitas coisas nas mãos quando o que é Essencial se apresentar, não teremos como nos agarrar a ele. Portanto, largue tudo que não é essencial. Agarre-se a liberdade de ser e desfrute da vida, da Vida onde a cada instante novas belezas são reveladas, onde a cada segundo o tempo não existe.

Nelson Jonas

domingo, 1 de julho de 2012

Maior Abandonado



Necessário é a cada um experimentar por si mesmo a fase de ficar dias... semanas... às vezes meses... sem perspectiva de remuneração, sem perspectiva de emprego. Assim, providencialmente assim, terá a oportunidade de manter contato com o abandono.
                          Depois de reiterados pedidos de ajuda a conhecidos e não-conhecidos, chegará o momento onde estará absolutamente só... em solidão resignada... e, então, vivenciará o autêntico abandono!
                          Abandonará o sentimento de inferioridade advindo da falta de perspectiva. Abandonará cobrar ajuda dos outros. Abandonará a ansiedade pela busca de colocação.



                          Sem nada mais a esperar de ninguém – nem de si mesmo – irá constatar um fato inegável: continua vivo!



                          A partir desta constatação visceral, visceral mesmo, terá início a nova jornada... a jornada de um novo Ser Criado e Recriado no Eterno Agora... até uma próxima vez...



LibaN RaaCh

quinta-feira, 28 de junho de 2012

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Autoconhecimento



O indivíduo que quer ter uma resposta para o problema do mal, tal como ele se apresenta hoje em dia, precisa, acima de tudo, de autoconhecimento; quer dizer, do conhecimento mais absoluto possível da sua própria totalidade. Ele deve conhecer profundamente quanto bem ele pode fazer e que crimes é capaz, e deve ficar alerta para não considerar uma coisa como real e a outra como ilusão. Ambas são elementos dentro da sua natureza e ambas devem vir à luz nele, caso queira - como deveria - viver sem se enganar ou se iludir.



C. G. Jung

terça-feira, 26 de junho de 2012

Diálogo sobre o meio de vida correto




KRISHNAMURTI: Senhores, que significa “meio de vida”? É ganhar o suficiente para as nossas necessidades, que são alimento, roupa e morada, não é verdade? A dificuldade relativa ao meio de vida só surge quando nos servimos das coisas essenciais à vida — alimento roupa e morada — como meios de agressão psicológica. Isto é, quando me sirvo das necessidades, das coisas indispensáveis, como meios de engrandecimento pessoal, surge então problema relativo ao meio de vida; e a nossa sociedade está essencialmente baseada, não no suprimento das coisas essenciais, mas no engrandecimento psicológico, no uso das coisas essenciais para expansão psicológica de nós mesmos. Senhores, tendes de pensar nisso a fundo, por uns instantes. Sem dúvida o alimento, o vestuário e o teto poderiam ser produzidos em abundancia, pois para tanto há suficientes recursos científicos; mas o clamor pela guerra é maior, não apenas por parte dos mercadores de guerra, mas também por parte de cada um de nós, cada um de nós é violento. Há suficientes conhecimentos científicos para suprir todas as necessidades do homem; isso já foi calculado, e tudo poderia ser produzido em tal escala, que nenhum homem passaria necessidade. Mas porque não se realiza isso? Porque ninguém se satisfaz apenas com alimento, roupa e morada; cada um quer mais. E esse “mais” é o poder. Mas seria irracional ficarmos satisfeitos apenas com as coisas necessárias à vida. Ficaremos satisfeitos com as coisas necessárias, no seu sentido exato — que é estar livre do desejo de poder — quando tivermos encontrado o imperecível tesouro interior a que chamamos Deus, a verdade, ou como quiserdes. Se puderdes encontrar essas riquezas imperecíveis dentro em vós, vos sentireis satisfeito com poucas coisas, e essas poucas coisas podem ser fornecidas.



Mas, somos por desventura levados pelos valores sensoriais. Os valores dos sentidos se tornaram mais importantes do que os valores do real. Afinal de contas, toda a nossa estrutura social, nossa civilização atual está essencialmente baseada nos valores sensoriais. Os valores sensoriais não são meros valores dos sentidos, mas valores do pensamento porque o pensamento é também produto dos sentidos; e quando o mecanismo do pensamento, que é intelecto, é cultivado, há então em nós um predomínio do pensamento, que é também um valor sensorial. Assim, enquanto vivermos em busca do valor sensorial — do tato, do paladar, do olfato, da percepção, ou do pensamento — o exterior será sempre muito mais importante do que o interior; e a simples rejeição do exterior não nos dá acesso ao interior. Podeis repudiar o exterior e vos retirar para uma floresta ou uma caverna, e lá pensar em Deus; mas essa própria rejeição do exterior, esse próprio pensar em Deus, é ainda de natureza sensorial, porque o pensamento está baseado nos sentidos, e todo o valor baseado nos sentidos trás, infalivelmente, a confusão, — como está acontecendo no mundo de hoje. O que é sensorial predomina, e enquanto a estrutura social estiver edificada nessa base será sempre muito difícil a escolha do meio de vida.



Qual é, então, o meio de vida correto? Esta pergunta só poderá ser respondida quando houver completa revolução na atual estrutura social, não uma revolução segundo a fórmula da direita ou a da esquerda, mas completa revolução de valores não baseados nos sentidos. Agora, aqueles que têm lazeres, como as pessoas mais idosas, aposentadas, que passaram os anos de mocidade procurando Deus ou várias formas de distração, se essas pessoas aplicassem realmente o seu tempo, as suas energias, em descobrir a solução correta, poderiam agir como intermediários, como instrumentos para a realização da revolução mundial. Mas isso não lhes interessa. Interessa-lhes a segurança. Trabalharam tantos anos para fazer jus às suas pensões que preferem passar confortavelmente o resto da vida. Dispõem de tempo, mas são indiferentes; só lhes interessa uma certa abstração chamada Deus e que nenhuma conexão apresenta com o real; sua abstração, porém, não é Deus, é uma forma de fuga. E os que vivem empenhados em incessantes atividades, esses estão no meio da torrente e não dispõem de tempo para procurar as soluções dos vários problemas da vida. Assim, aqueles que se interessam por essas coisas, pela realização de uma transformação radical no mundo, resultante da compreensão de si próprios, - só deles se pode esperar algo.



Senhores, é fácil reconhecer a profissão errada. Ser soldado, policial, ou advogado, é obviamente uma profissão injusta — porque esses vivem do conflito, da dissensão. E o grande negociante, o capitalista, vive da exploração. O grande negociante pode ser um indivíduo, ou pode ser o Estado; se o Estado se incumbe de grandes negócios, não cessa de explorar a vós e a mim. E como a sociedade está baseada no exército, na polícia, na lei, no grande negociante, isto é, no princípio da dissensão, da exploração e da violência, como podemos sobreviver, vós e eu, que desejamos exercer uma profissão decente, justa? Temos crescente desemprego, exércitos cada vez maiores, forças policiais mais numerosas, com seus serviços secretos, os grandes negócios se hipertrofiam, formando vastas empresas que com o tempo passam às mãos do Estado, pois o Estado se tornou uma grande, empresa, em certos países. Dada essa situação de exploração, essa sociedade edificada sobre a dissensão, como ireis encontrar um meio de vida correta? É quase impossível, não é verdade? Ou tendes de retirar-vos a formar com uns poucos uma comunidade autárquica, cooperativa, ou sucumbis essa máquina formidável. Mas, como sabeis, a maioria de nós não têm verdadeiro empenho em encontrar o meio de vida, correto. Cada um está interessado em obter um emprego e nele se manter, na esperança de promoções e de salários cada vez mais altos. Porque o que desejamos é segurança, garantia, uma posição permanente, e não a revolução, radical. Não são os que estão satisfeitos consigo mesmos, os que estão contentes, mas só os aventureiros, que fazem experiência com a própria vida, com a própria existência, que descobrem as coisas reais, uma nova maneira de viver.



Assim, antes que possa haver um meio de vida correto, é necessário que se reconheçam os meios de vida evidentemente falsos: o exército, a advocacia, a polícia, as grandes empresas que aliciam as pessoas e as exploram, em nome do Estado, do capital, ou da religião. Quando percebeis o falso e o desarraigais, há transformação, há revolução, e essa revolução pode criar uma nova sociedade. Procurar, como indivíduo, um meio de vida justo, é bom, é excelente, mas não resolve o vasto problema. O vasto problema só é resolvido quando vós e eu não estamos, à procura de segurança. Não há coisa tal como a segurança. Que acontece quando procurais a segurança? Que está acontecendo no mundo, no presente? Toda a Europa quer segurança, clama por segurança, e que sucede? Todos querem segurança por meio do seu nacionalismo. Afinal de contas, vós sois nacionalistas porque desejais a segurança, e pensais que por meio do nacionalismo a tereis. Já se têm provado repetidas vezes que não se pode ter segurança por meio do nacionalismo, pois o nacionalismo é um processo de isolamento, provocador de guerras, sofrimentos e destruição. Assim o meio de vida justo, em vasta escala, deve começar com aqueles que compreendem o que é falso. Quando batalhais contra o falso estais criando o meio de vida justo. Quando batalhais contra toda a estrutura da dissensão, da exploração por parte da esquerda ou da direita, ou contra a autoridade da religião e dos sacerdotes — essa é a profissão correta, no momento atual. Porque os que assim procedem criarão uma nova sociedade, uma nova civilização. Mas, para batalhar, precisais ver como toda a clareza e precisão o que é falso, a fim de que o falso desapareça. Para descobrirdes o que é falso cumpre percebê-lo lucidamente, observar todas as coisas que estais fazendo, pensando e sentindo; e, como resultado disso, não apenas descobrireis o que é falso, mas virá também uma nova vitalidade, uma nova energia, e essa energia determinará que espécie de trabalho deveis ou não deveis fazer.



Krishnamurti – Do livro: Novo Acesso a Vida – Editora ICK – 15 de agosto de 1948
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Queridos em primeiro lugar eu me considero um intelectual outsider , coisa aqui rara no Brasil , não pertenço a nenhum partido, não pertenço a nenhum grupo inclusive a nenhum grupo de intelectuais não respondo a nenhum credo , não participo de qualquer militância . ( Milton Santos . )

Meus escritos são para aqueles que desejam receber a verdade, num estado de mente simples e infantil, pois eles possuirão o reino de Deus. Escrevi unicamente para aqueles que buscam; para os astutos e expertos, nada tenho a dizer...
Agrada ao Supremo revelar seus segredos através do tolo, olhado pelo mundo como sendo um nada; percebe-se que seu conhecimento não procede destes tolos, mas Dele. Portanto, peço que considerem meus escritos como sendo os de uma criança a quem o Supremo manifestou Seu poder. Há tanto dentro deles, que nenhum tipo ou quantidade de argumentação ou raciocínio pode compreender ou alcançar; mas para os iluminados pelo Espírito, sua compreensão é fácil, e não passa de uma brincadeira de criança. – Boehme

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