" Eu vi um poço fundo e escuro; em sua borda havia um balde amarrado em uma corda. Eu vi o balde sendo baixado para dentro do poço e, quando ele foi novamente puxado para cima e para fora da escuridão, ele estava transbordante de água clara e pura. Eu ouvi as palavras: Bem dentro de cada alma existe a pureza do Espírito. Procure sem pressa até encontrá-la e, então traga-a à tona." Eileen Caddy
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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Osho - Necessidade e desejos





Os desejos são muitos, as necessidades são poucas. As necessidades podem ser satisfeitas; os desejos, nunca. Desejo é uma necessidade que enlouqueceu. É impossível satisfazê-lo. Quanto mais você tentar satisfazê-lo, mais ele pedirá.



Conta uma história sufi que, quando Alexandre morreu e chegou ao paraíso, ele estava carregando todo o seu peso: todo o seu reinado, ouro, diamantes - é claro que não em realidade, mas como uma idéia.



Ele estava demasiadamente oprimido pelo fato de ser Alexandre. O guardião do portal do paraíso começou a rir e perguntou: "Por que você está carregando tanto fardo?"



Alexandre retrucou: "Que fardo?". Então o guardião lhe deu uma balança, em um dos seus pratos colocou um olho e pediu a Alexandre para colocar no outro prato todo o seu peso, sua grandeza, seus tesouros e o reinado.



Mas aquele olho ainda permaneceu mais pesado que todo o reino de Alexandre. O guardião disse: "Esse é um olho humano. Ele representa o desejo humano e não pode ser satisfeito, não importa quão grande seja o seu reino e quão intensos sejam os seus esforços."



Depois, o guardião jogou um pouco de poeira no olho, que imediatamente piscou e perdeu todo o seu peso.



Uma pequena poeira de entendimento precisa ser jogada no olho do desejo. O desejo desaparece e permanece somente a necessidade, que não é pesada. As necessidades são muito poucas e são belas. Os desejos são feios e transformam os seres humanos em monstros; eles criam loucos.



Assim que você começar a aprender a escolher a serenidade, um pequeno quarto será suficiente, uma pequena quantidade de comida será suficiente, poucas roupas serão suficientes, uma pessoa amada será suficiente.



Osho


sexta-feira, 6 de julho de 2012

Sobre a inocência que produz o vazio da mente



As nuvens acumuladas sobre a linha do horizonte formavam um magnífico espetáculo de luz e cor que só era interrompido no poente claro e luminoso. Algumas eram de aspecto ameaçador, negras e carregadas de chuva e trovão, em contraste com a delicadeza das nuvens brancas que irradiavam luz e esplendor. Empilhadas umas sobre as outras, numa gama infinita de forma e tamanho, elas transmitiam incrível vigor e beleza. Apesar da aparente imobilidade, seu interior era extremamente violento, e nada poderia deter-lhe a avassaladora grandeza. Do poente, uma brisa suave impelia aquelas gigantescas nuvens na direção dos montes que com elas formavam um imponente cenário de sombra e luz. A vegetação que cobria os morros e as cidadezinhas ali existentes ressentia-se do longo período de estiagem; com a chegada de mais um inverno, não tardariam as árvores a colorir-se de verde para, em seguida, perder novamente todas as suas folhas. A estrada era uma reta cercada de árvores frondosas e o carro mantinha-se em alta velocidade, até mesmo nas curvas. A velocidade é a razão de ser do automóvel, cujo desempenho, naquela manhã, era excepcional. O carro vinha colado à pista, talhado para aquele papel que tão bem desempenhava. Logo estávamos na cidade (Roma), mas aquelas nuvens imensas pendiam sobre o horizonte em ameaçadora expectativa.

No completo silêncio da noite, em Circeo, interrompido apenas pelo pio intermitente da coruja, enquanto repousávamos na pequena cabana no meio do bosque, o êxtase da meditação invadiu-nos o ser. Sem o mais leve frêmito do pensamento e suas sutilezas, ele fluía sem cessar, paralelamente à mobilidade do cérebro, que, do vazio, tudo observava. Este vazio desconhecia toda forma de saber e jamais conhecerá o espaço ou tempo. Era um vazio de natureza transcendente. Nele havia a fúria devastadora da tempestade, a comoção do universo em explosão, a inexprimível fúria da criação. A vida, o amor e a morte estavam ali contidos, e nada seria capaz de preencher, transformar ou encobrir aquela imensidão. A meditação se passava no supremo êxtase desse vazio.

O sutil inter-relacionamento entre a mente, o cérebro e o corpo é a essência da difícil arte de viver. Surge o sofrimento quando um desses fragmentos predomina entre os demais e a mente se torna incapaz de controlar o cérebro ou o organismo físico; quando existe harmonia entre o corpo e o cérebro, a mente deixa de ser mero joguete de ambos. O todo contém o fragmento, mas a parte jamais poderá abarcar o todo. A harmoniosa convivência daqueles dois elementos exige extrema sensibilidade e inteligência, quando impedidos de forçar, discriminar ou dominar. Efetivamente, o intelecto pode danificar até mesmo destruir o corpo, e este, por sua vez, embotado e insensível, corrompe e causa deterioração do intelecto. Ao descuidarmos do corpo, na complacência e satisfação dos próprios desejos e apetites, concorremos para o seu embrutecimento e insensibilidade, o que conduz à letargia do pensamento. E o requinte e astúcia do pensamento conduzem ao desleixo do corpo, que, por sua vez, afeta e distorce o pensamento. O excesso de peso e a gordura interferem no delicado mecanismo do pensar e este, ao tentar escapar aos conflitos e problemas de sua própria criação, afeta o organismo. A capacidade de acompanhar o movimento veloz e sutil da mente exige grande sensibilidade e harmonia do corpo e do cérebro. A mente, então, deixa de ser mero joguete do cérebro que age de forma mecânica.

A percepção da necessidade vital da mais completa harmonia entre o corpo e o cérebro os torna sensíveis e isentos de qualquer maneira de domínio. A percepção da verdade é definitiva, seja ela negada, seja evitada ou sublimada. A compreensão do fato, e não a sua avaliação, é fundamental. Percebendo-se esta verdade, o cérebro torna-se consciente dos hábitos, como fatores de deterioração do corpo, banindo toda espécie de controle e disciplina, impostos pelo pensamento. Insensibilizando-se através do controle ou da repressão, o corpo conhece a decadência e a deterioração.

Ao acordarmos, quando já não havia o ruído dos carros subindo a ladeira, o perfume do bosque impregnava a atmosfera e a chuva batia de leve na janela; mais uma vez, aquela estranha benção inundava o quarto com a fúria da tempestade, o ímpeto de um rio caudoloso e o poder da “inocência”. Tamanho o vigor daquela energia que toda forma de meditação findava, e a sensibilidade do cérebro nascia de seu próprio vazio. Apesar da sua intensidade ou até mesmo por causa dela, permaneceu viva e atuante por longo tempo. Diante daquela benção, o cérebro tornou-se vazio. Da destruição dos pensamentos, dos sentimentos e visões restava o vazio em que nada existia.

Krishnamurti — 03 de outubro de 1961

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O paradoxo de uma vida sem tempo



Se estivermos com muitas coisas nas mãos quando o que é Essencial se apresentar, não teremos como nos agarrar a ele. Portanto, largue tudo que não é essencial. Agarre-se a liberdade de ser e desfrute da vida, da Vida onde a cada instante novas belezas são reveladas, onde a cada segundo o tempo não existe.

Nelson Jonas

domingo, 1 de julho de 2012

Maior Abandonado



Necessário é a cada um experimentar por si mesmo a fase de ficar dias... semanas... às vezes meses... sem perspectiva de remuneração, sem perspectiva de emprego. Assim, providencialmente assim, terá a oportunidade de manter contato com o abandono.
                          Depois de reiterados pedidos de ajuda a conhecidos e não-conhecidos, chegará o momento onde estará absolutamente só... em solidão resignada... e, então, vivenciará o autêntico abandono!
                          Abandonará o sentimento de inferioridade advindo da falta de perspectiva. Abandonará cobrar ajuda dos outros. Abandonará a ansiedade pela busca de colocação.



                          Sem nada mais a esperar de ninguém – nem de si mesmo – irá constatar um fato inegável: continua vivo!



                          A partir desta constatação visceral, visceral mesmo, terá início a nova jornada... a jornada de um novo Ser Criado e Recriado no Eterno Agora... até uma próxima vez...



LibaN RaaCh

quinta-feira, 28 de junho de 2012

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Autoconhecimento



O indivíduo que quer ter uma resposta para o problema do mal, tal como ele se apresenta hoje em dia, precisa, acima de tudo, de autoconhecimento; quer dizer, do conhecimento mais absoluto possível da sua própria totalidade. Ele deve conhecer profundamente quanto bem ele pode fazer e que crimes é capaz, e deve ficar alerta para não considerar uma coisa como real e a outra como ilusão. Ambas são elementos dentro da sua natureza e ambas devem vir à luz nele, caso queira - como deveria - viver sem se enganar ou se iludir.



C. G. Jung

terça-feira, 26 de junho de 2012

Diálogo sobre o meio de vida correto




KRISHNAMURTI: Senhores, que significa “meio de vida”? É ganhar o suficiente para as nossas necessidades, que são alimento, roupa e morada, não é verdade? A dificuldade relativa ao meio de vida só surge quando nos servimos das coisas essenciais à vida — alimento roupa e morada — como meios de agressão psicológica. Isto é, quando me sirvo das necessidades, das coisas indispensáveis, como meios de engrandecimento pessoal, surge então problema relativo ao meio de vida; e a nossa sociedade está essencialmente baseada, não no suprimento das coisas essenciais, mas no engrandecimento psicológico, no uso das coisas essenciais para expansão psicológica de nós mesmos. Senhores, tendes de pensar nisso a fundo, por uns instantes. Sem dúvida o alimento, o vestuário e o teto poderiam ser produzidos em abundancia, pois para tanto há suficientes recursos científicos; mas o clamor pela guerra é maior, não apenas por parte dos mercadores de guerra, mas também por parte de cada um de nós, cada um de nós é violento. Há suficientes conhecimentos científicos para suprir todas as necessidades do homem; isso já foi calculado, e tudo poderia ser produzido em tal escala, que nenhum homem passaria necessidade. Mas porque não se realiza isso? Porque ninguém se satisfaz apenas com alimento, roupa e morada; cada um quer mais. E esse “mais” é o poder. Mas seria irracional ficarmos satisfeitos apenas com as coisas necessárias à vida. Ficaremos satisfeitos com as coisas necessárias, no seu sentido exato — que é estar livre do desejo de poder — quando tivermos encontrado o imperecível tesouro interior a que chamamos Deus, a verdade, ou como quiserdes. Se puderdes encontrar essas riquezas imperecíveis dentro em vós, vos sentireis satisfeito com poucas coisas, e essas poucas coisas podem ser fornecidas.



Mas, somos por desventura levados pelos valores sensoriais. Os valores dos sentidos se tornaram mais importantes do que os valores do real. Afinal de contas, toda a nossa estrutura social, nossa civilização atual está essencialmente baseada nos valores sensoriais. Os valores sensoriais não são meros valores dos sentidos, mas valores do pensamento porque o pensamento é também produto dos sentidos; e quando o mecanismo do pensamento, que é intelecto, é cultivado, há então em nós um predomínio do pensamento, que é também um valor sensorial. Assim, enquanto vivermos em busca do valor sensorial — do tato, do paladar, do olfato, da percepção, ou do pensamento — o exterior será sempre muito mais importante do que o interior; e a simples rejeição do exterior não nos dá acesso ao interior. Podeis repudiar o exterior e vos retirar para uma floresta ou uma caverna, e lá pensar em Deus; mas essa própria rejeição do exterior, esse próprio pensar em Deus, é ainda de natureza sensorial, porque o pensamento está baseado nos sentidos, e todo o valor baseado nos sentidos trás, infalivelmente, a confusão, — como está acontecendo no mundo de hoje. O que é sensorial predomina, e enquanto a estrutura social estiver edificada nessa base será sempre muito difícil a escolha do meio de vida.



Qual é, então, o meio de vida correto? Esta pergunta só poderá ser respondida quando houver completa revolução na atual estrutura social, não uma revolução segundo a fórmula da direita ou a da esquerda, mas completa revolução de valores não baseados nos sentidos. Agora, aqueles que têm lazeres, como as pessoas mais idosas, aposentadas, que passaram os anos de mocidade procurando Deus ou várias formas de distração, se essas pessoas aplicassem realmente o seu tempo, as suas energias, em descobrir a solução correta, poderiam agir como intermediários, como instrumentos para a realização da revolução mundial. Mas isso não lhes interessa. Interessa-lhes a segurança. Trabalharam tantos anos para fazer jus às suas pensões que preferem passar confortavelmente o resto da vida. Dispõem de tempo, mas são indiferentes; só lhes interessa uma certa abstração chamada Deus e que nenhuma conexão apresenta com o real; sua abstração, porém, não é Deus, é uma forma de fuga. E os que vivem empenhados em incessantes atividades, esses estão no meio da torrente e não dispõem de tempo para procurar as soluções dos vários problemas da vida. Assim, aqueles que se interessam por essas coisas, pela realização de uma transformação radical no mundo, resultante da compreensão de si próprios, - só deles se pode esperar algo.



Senhores, é fácil reconhecer a profissão errada. Ser soldado, policial, ou advogado, é obviamente uma profissão injusta — porque esses vivem do conflito, da dissensão. E o grande negociante, o capitalista, vive da exploração. O grande negociante pode ser um indivíduo, ou pode ser o Estado; se o Estado se incumbe de grandes negócios, não cessa de explorar a vós e a mim. E como a sociedade está baseada no exército, na polícia, na lei, no grande negociante, isto é, no princípio da dissensão, da exploração e da violência, como podemos sobreviver, vós e eu, que desejamos exercer uma profissão decente, justa? Temos crescente desemprego, exércitos cada vez maiores, forças policiais mais numerosas, com seus serviços secretos, os grandes negócios se hipertrofiam, formando vastas empresas que com o tempo passam às mãos do Estado, pois o Estado se tornou uma grande, empresa, em certos países. Dada essa situação de exploração, essa sociedade edificada sobre a dissensão, como ireis encontrar um meio de vida correta? É quase impossível, não é verdade? Ou tendes de retirar-vos a formar com uns poucos uma comunidade autárquica, cooperativa, ou sucumbis essa máquina formidável. Mas, como sabeis, a maioria de nós não têm verdadeiro empenho em encontrar o meio de vida, correto. Cada um está interessado em obter um emprego e nele se manter, na esperança de promoções e de salários cada vez mais altos. Porque o que desejamos é segurança, garantia, uma posição permanente, e não a revolução, radical. Não são os que estão satisfeitos consigo mesmos, os que estão contentes, mas só os aventureiros, que fazem experiência com a própria vida, com a própria existência, que descobrem as coisas reais, uma nova maneira de viver.



Assim, antes que possa haver um meio de vida correto, é necessário que se reconheçam os meios de vida evidentemente falsos: o exército, a advocacia, a polícia, as grandes empresas que aliciam as pessoas e as exploram, em nome do Estado, do capital, ou da religião. Quando percebeis o falso e o desarraigais, há transformação, há revolução, e essa revolução pode criar uma nova sociedade. Procurar, como indivíduo, um meio de vida justo, é bom, é excelente, mas não resolve o vasto problema. O vasto problema só é resolvido quando vós e eu não estamos, à procura de segurança. Não há coisa tal como a segurança. Que acontece quando procurais a segurança? Que está acontecendo no mundo, no presente? Toda a Europa quer segurança, clama por segurança, e que sucede? Todos querem segurança por meio do seu nacionalismo. Afinal de contas, vós sois nacionalistas porque desejais a segurança, e pensais que por meio do nacionalismo a tereis. Já se têm provado repetidas vezes que não se pode ter segurança por meio do nacionalismo, pois o nacionalismo é um processo de isolamento, provocador de guerras, sofrimentos e destruição. Assim o meio de vida justo, em vasta escala, deve começar com aqueles que compreendem o que é falso. Quando batalhais contra o falso estais criando o meio de vida justo. Quando batalhais contra toda a estrutura da dissensão, da exploração por parte da esquerda ou da direita, ou contra a autoridade da religião e dos sacerdotes — essa é a profissão correta, no momento atual. Porque os que assim procedem criarão uma nova sociedade, uma nova civilização. Mas, para batalhar, precisais ver como toda a clareza e precisão o que é falso, a fim de que o falso desapareça. Para descobrirdes o que é falso cumpre percebê-lo lucidamente, observar todas as coisas que estais fazendo, pensando e sentindo; e, como resultado disso, não apenas descobrireis o que é falso, mas virá também uma nova vitalidade, uma nova energia, e essa energia determinará que espécie de trabalho deveis ou não deveis fazer.



Krishnamurti – Do livro: Novo Acesso a Vida – Editora ICK – 15 de agosto de 1948

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Perdoar os pais



Desfazer aquilo que foi feito pela sociedade é a religião verdadeira - desfazer todo o absurdo que tem sido feito pelos seus benfeitores.



Eles podem achar que o estão ajudando, mas podem estar destruindo-o sem saber. Eles próprios podem ser vítimas dos pais e da sociedade. Eu não estou dizendo nada contra eles. Eles precisam de grande compaixão.



Gurdjieff costumava dizer a seus discípulos que um homem somente se torna religioso quando é capaz de perdoar os pais.



Perdoar? Sim, é assim que é. É muito difícil. No momento em que você se torna consciente, é muito difícil, quase impossível, perdoar seus pais, porque eles fizeram tantas coisas a você! Sem saber, é claro, num comportamento inconsciente, claro, mas ainda assim fizeram.



Eles destruíram seu amor e lhe deram a lógica morta. Eles destruíram sua inteligência e lhe deram, como substituto, o intelecto. Eles destruíram sua vida e sua vivacidade e lhe deram um padrão fixo de vida, um plano para se apoiar.



Eles destruíram sua direção e lhe deram uma destinação. Eles destruíram sua celebração e o transformaram em utilidades do mercado. É muito difícil perdoá-los, daí todas as antigas tradições dizerem para se respeitarem os pais.



É difícil perdoá-los; é muito, muito difícil respeitá-los. Mas se você compreender você os perdoará. Você dirá o mesmo que Jesus disse na cruz: “Pai, perdoai-os, pois eles não sabem o que fazem”.



Sim, são exatamente essas as palavras.



E todo mundo está na cruz - e a cruz não é preparada pelos seus inimigos, mas pelos seus pais, pela sociedade... e todo mundo está crucificado.



Osho

sábado, 16 de junho de 2012

Acordem! pensam que sabem algo , por terem lido uma enorme pilha de livros ?



Um chute psíquico bem dado em mentes imaturas, que pensam que sabem algo, que podem ler o interior de outras mentes, só por terem lido uma enorme pilha de livros, quando nem ao menos se assumiram no mundo... Para um bom entendedor, essas cenas, falam muito! Acordem! Aos que forem, realmente sérios, quanto ao auto-conhecimento, talvez ainda haja tempo para deixar de compartilhar neste mundo, prá lá de doente, sua doença expressa por prepotência, arrogância, petulância e, sobretudo, soberba... Acordem! 



sábado, 9 de junho de 2012

Te olho nos olhos




Te olho nos olhos e você reclama que te olho muito profundamente. Desculpa, tudo que vivi foi profundamente. Eu te ensinei quem sou e você foi me tirando os espaços entre os abraços, guarda-me apenas uma fresta. Eu que sempre fui livre, não importava o que os outros dissessem. Até onde posso ir para te resgatar? Reclama de mim, como se houvesse possibilidade de me inventar de novo. Desculpa, desculpa se te olho profundamente, rente à pele, a ponto de ver seus ancestrais nos seus traços. A ponto de ver a estrada onde ficam seus passos. Eu não vou separar minhas vitórias dos meus fracassos! Eu não vou renunciar a mim; nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser vibrante, errante, sujo, livre, quente. Eu quero estar viva e permanecer te olhando profundamente.

Anônimo

A desumanidade do homem



Perguntaram a Osho:

Por que as pessoas tratam uns aos outros como o fazem? Tudo isso é condicionamento, ou há algo no homem que o torna disposto a se desviar? 

São ambas as coisas.

Primeiro, há alguma coisa no homem que o desencaminha. E segundo, existem pessoas cujos interesses é desencaminhar os seres humanos. Ambos juntos criam um ser humano falso, um impostor. Seu coração anseia por amor, mas sua mente condicionada o impede de amar.

Esse é o problema. A criança nasce com um coração que anseia por amor, mas ela também nasce com um cérebro que pode ser condicionado.

A sociedade tem que condicioná-lo contra o coração, porque o coração será sempre rebelde contra a sociedade, ele irá sempre seguir seu próprio caminho. O coração não pode ser tido como um soldado. Ele pode se tornar um poeta, ele pode se tornar um cantor, pode se tornar um dançarino, mas não pode se tornar um soldado.

Ele pode sofrer pela sua individualidade, ele pode morrer pela sua individualidade e liberdade, mas ele não pode ser escravizado. Esse é o estado do coração. Mas a mente...

A criança vem com um cérebro vazio, apenas um mecanismo, o qual você pode arrumar da maneira que você quiser. Ele irá aprender a língua que você ensinar, ele aprenderá a religião que você ensinar, ele aprenderá a moralidade que você ensinar.

Ele é simplesmente um computador, você apenas o alimenta com informações. E toda sociedade cuida de tornar a mente cada vez mais forte para que se houver algum conflito entre a mente e o coração, a mente irá vencer. Mas cada vitória da mente sobre o coração é uma miséria. É uma vitória sobre sua natureza, sobre seu ser — sobre você — pelos outros. E eles cultivaram sua mente para servir ao propósito deles.

Portanto, a mente é vazia, seu cérebro; você pode colocar qualquer coisa nela. E com vinte e cinco anos de educação você pode torná-la tão forte que você pode esquecer seu coração; você irá permanecer sempre miserável. 

A miséria é que seu coração só pode lhe dar alegria, só pode lhe dar felicidade, só pode lhe fazer dançar. A mente pode fazer aritmética, mas ela não pode cantar uma canção. Essas não são as habilidades da mente. Assim você está dividido entre sua natureza, que é seu coração, e a sociedade, que é sua cabeça. E certamente você nasce — todos nascem — com esses dois centros. Essa é a dificuldade.

E um centro está vazio. Numa sociedade melhor ele será utilizado de acordo com o coração, para servir ao coração. Então será uma grande vida, cheia de regozijos. Mas até agora temos vivido numa sociedade feia, com idéias podres. Eles usaram a mente. E essa vulnerabilidade existe — a mente pode ser usada. 

Agora os comunistas a estão usando de uma maneira; os fascistas a usaram na Alemanha de outra maneira; todas as outras religiões a estão usando de diferentes maneiras. Mas essa vulnerabilidade está em todos os indivíduos: que você tem uma mente que você trouxe vazia. De fato, isso é uma bênção da existência – mas, mal utilizada, explorada. 

Ela lhe é dada vazia para que você possa fazê-la perfeitamente subserviente ao seu coração, aos seus anseios, ao seu potencial. Não há nada de errado nisso. Mas os interesses investidos por todo o mundo encontraram nisso uma bela oportunidade para eles — para usar a mente contra o coração. Assim você permanece miserável e eles podem lhe explorar por todos os meios que quiserem.

Eis porque todo o mundo é miserável.

Todo mundo quer ser amado, todos querem amar; mas a mente é uma barreira tal que nem lhe permite amar, nem lhe permite ser amado. Em ambos os casos a mente fica no caminho e começa a distorcer tudo. E mesmo se por acaso você encontrar uma pessoa que você sinta amor por ela e a pessoa sinta amor por você, suas mentes não irão concordar. Elas foram treinadas por sistemas diferentes, religiões diferentes, sociedades diferentes. 

Ser feliz é um direito inato de todos, mas infelizmente a sociedade, as pessoas com as quais estamos vivendo, que nos trouxeram para este mundo, não pensaram nada a respeito disso. Elas estão somente reproduzindo seres humanos como animais — até mesmo pior que isso porque pelo menos os animais não são condicionados. 

Esse processo de condicionamento deve ser completamente mudado. A mente deve ser treinada para ser uma serva do coração. A lógica deve servir ao amor. E assim a vida pode se tornar um festival de luzes. 

Osho

O dramático paradoxo exploratório do Homem



O homem vive um dramático paradoxo exploratório. Ele pensa, explo­ra e conhece cada vez mais o mundo que o envolve, mas pouco pensa sobre seu próprio ser, sobre a riquíssima construção de pensamentos que explode num espetáculo indescritível a cada momento da existência. O homem moderno, com as devidas exceções, perdeu o apreço pelo mundo das idéias.

Apesar de ter escrito este livro principalmente para pesquisadores, pro­fissionais e estudantes da Psicologia, da Psiquiatria, da Filosofia, da Educa­ção e das demais áreas cuja ferramenta fundamental seja o trabalho intelec­tual, eu gostaria que ele também atingisse o leitor que não se considera um intelectual nessas áreas. O direito de pensar com liberdade e consciência crítica é um direito fundamental de todo ser humano; e este livro objetiva contribuir para esse direito.

Aprender a apreciar o mundo das idéias, percorrendo as avenidas da arte da dúvida e da crítica, estimula o processo de interiorização, expande a inteligência e contribui para a prevenção da síndrome da exteriorização existencial e das doenças psíquicas.

(...) Um dos maiores erros da educação clássica, que bloqueia a formação de pensadores, foi e tem sido o de transmitir o conhecimento pronto, acabado, sem evidenciar o seu processo de produção, o seu rosto histórico.

No VII Congresso Internacional de Educação * ministrei uma conferên­cia sobre "O funcionamento da mente e a formação de pensadores no terceiro milênio". Na ocasião, comentei que no mundo atual, apesar de termos multiplicado como nunca na história as informações, não multiplicamos a formação dos homens que pensam. Estamos na era da informação e da informatização, mas as funções mais importantes da inteligência não estão sendo desenvolvidas.

Ao que tudo indica, o homem do século XXI será menos criativo do que o homem do século XX. Há um clima no ar que denuncia que os homens do futuro serão mais cultos, mas, ao mesmo tempo, mais frágeis emocionalmente, terão mais informação, contudo serão menos íntimos da sabedoria.

A cultura acadêmica não os libertará do cárcere intelectual. Será um homem com mais capacidade de respostas lógicas, mas com menos capaci­dade de dar respostas para a vida, com menos capacidade de superar seus desafios, de lidar com suas dores e enfrentar as contradições dá existência. Infelizmente, será um homem com menos capacidade de proteger a sua emoção nos focos de tensão e com mais possibilidade de se expor a doen­ças psíquicas e psicossomáticas. Será um homem livre por fora, mas prisio­neiro no território da emoção.

O sistema educacional que se arrasta por séculos, embora possua pro­fessores com elevada dignidade, possui teorias que não compreendem muito nem o funcionamento multifocal da mente humana nem o processo de construção dos pensamentos. Por isso, enfileira os alunos nas salas de aula e os transforma em espectadores passivos do conhecimento e não em agen­tes do processo educacional.

Augusto Cury - Inteligência Multifocal

terça-feira, 5 de junho de 2012

Autoridade




Se um homem deseja obedecer e seguir a um outro, ninguém pode impedi-lo; porém é o superlativo da falta de inteligência e leva a grande infelicidade e frustração.

Se aqueles de vocês que estão me ouvindo, começarem  a pensar real e profundamente sobre a autoridade, não mais seguirão a ninguém, inclusive a mim próprio. Como disse, porém, é muito mais fácil seguir e imitar do que, realmente, libertar o pensamento da limitação do medo, e bem assim, da compulsão e da autoridade. 

Admitir a autoridade é abandonar-se à influência de outros, o que implica sempre o propósito, o desejo de se obter algo em retorno; ao passo que na outra há absoluta insegurança; e como as pessoas preferem a ilusão do conforto, da segurança, seguem a autoridade com sua frustração. Se, porém, a mente discerne a ilusão do conforto ou da segurança, nasce a inteligência, o desconhecido, a essência da vida.

Krishnamurti

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Observação

 
 
 
 
Para se perceber qualquer coisa na vida, tem que haver uma certa calma na mente, não uma calma disciplinada – nesse caso não é calma, é uma mente sem vida. Ora, uma mente em conflito não deixa observar nada, observar eu próprio. Portanto, se estou em permanente conflito, em constante movimento, a mexer, a falar, eternamente a fazer perguntas, a explicar; aí não é possível haver qualquer observação. É isso que a maior parte de nós faz, quando estamos perante 'o que é'. Portanto, vemos que só pode haver observação quando não há conflito. Para não haver conflito, podemos tomar um tranquilizante, um comprimido, para ficarmos tranquilos, mas não é isso que dá percepção, isso apenas nos faz é dormir; e isso é provavelmente o que a maior parte de nós quer.

Ora, para observar, tem que haver uma certa tranquilidade na mente; e se vê ou não o que é a verdade, depende da qualidade da mente.

Krishnamurti

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Você é psicologicamente dependente?


Para se ter energia física, você deve naturalmente tomar alimentos adequados, ter a justa proporção de repouso, etc. Mas, há também a energia psicológica, a qual se dissipa de várias maneiras. Para ter essa energia psicológica, a mente busca por estímulos. Frequentar a igreja, assistir partidas de futebol, entregar-se à literatura, ouvir música, assistir reuniões do mesmo gênero desta aqui — todas essas coisas lhe estimulam; e se o que você deseja é ser estimulado, isso significa que, psicologicamente, você é dependente. A busca de estímulo, em qualquer forma que seja, implica dependência de alguma coisa — de uma bebida, uma droga, um orador, ou de entrar numa igreja; e, certamente, a dependência de estímulo não apenas embota a mente, mas também ocasiona dissipação de energia. Assim, para conservarmos nossa energia, deve desaparecer toda espécie de dependência ou estímulo; e, para ocorrer o desaparecimento da dependência, precisamos nos tornar conscientes dela. Se, para ter estímulo, uma pessoa depende de sua mulher ou de seu marido, de um livro, de seu cargo no escritório, de ir aos cinemas — qualquer que seja o gênero de estímulo — deve, em primeiro lugar, estar consciente disso. O aceitar simplesmente os estímulos e com eles viver, dissipa a energia e deteriora a mente. Mas, se a pessoa se torna consciente dos estímulos e descobre o significado que tem em sua vida, dessa maneira poderá ficar livre deles. Pelo autopercebimento — que não é autocondenação, etc., porém, estar simplesmente consciente, sem escolha, de si próprio pode um homem conhecer todas as formas de influência, todas as formas de dependência, todas as formas de estímulo; e esse próprio movimento da ação de aprender lhe dá a energia necessária para se libertar de todas as dependências e de todos os estímulos. 

Krishnamurti — 26 de julho de 1964

terça-feira, 29 de maio de 2012

Lucros de Matar

Os psiquiatras gostariam realmente que você acreditasse que há uma epidemia de doenças mentais, e que as drogas psicotrópicas (alteradoras da mente) são o remédio. Durante décadas eles trabalharam para convencer o público de que as suas drogas eram indispensáveis para os problemas da vida cotidiana. E, no entanto, pergunte a qualquer psiquiatra — como fizemos — e ele confessará que não tem respostas para a cura mental. Contudo, os tratamentos que ele inflige nas pessoas — não sendo apoiados por qualquer ciência — estão gerando destruição na sociedade. As ações dos psiquiatras são tomadas em nome do lucro, elas não se inclinam a qualquer outro objetivo.

Site oficial: http://migre.me/7vMcA

domingo, 27 de maio de 2012

Tempo é dinheiro




- Fala JR!

- E aí Celsão! Belê?

- Na boa! Vim aqui para compartilhar com você um lance que rolou outro dia!
- Diga lá!

- Estava tomando um lanche na padaria com um comerciante aqui do bairro quando ele o viu passando do outro lado da calçada em direção a sua loja. Ele disse-me que tem curiosidade para saber como você vive, pois disse que sente que você e a sua mãe tem algo de diferente! Ele percebe que vocês dois nunca demonstram estar preocupados ou mal-humorados! Disse-me que gostaria muito de saber o que vocês fazem para viverem assim tão despreocupados. Ele quer saber o que você faz!
- Diz para ele que sou "Fiscal de Natureza".
- Como assim, fiscal da natureza?
- Diz para ele que eu conto os pássaros, ás folhas das árvores, as nuvens no céu, as estrelas... Sim, fiscal da natureza!
- Mas como você faz para se sustentar!
- Não esquento... A Grande Vida se encarrega disso... Até hoje não me faltou onde dormir e o que comer! Tudo se encaixa quando você se encaixa na busca desse Tudo!
- Poxa! Tenho certeza que ele também gostaria de poder ter um modo de vida desse gênero!
- Ele também pode! O que você acha que o impede? Só é preciso ter o sincero desejo de abraçar este modo de vida simplificada!... É só começar a olhar para a falsidade desse modo de viver socialmente aceito!... Aí tudo fica fácil! Depois que você vê a falsidade disso, é que nem fruta quando cai do pé! Cai por si mesma e não tem como voltar mais! Quando você vê isso com toda a propriedade do seu ser, algo no mais profundo de você mexe com toda sua zona de conforto, e, uma vez que isso acontece, não tem mais como dormir nesse tipo de cama!
- Mas será que isso é possível mesmo?
- Você não está vendo a falsidade disso tudo? Não está bem claro diante dos seus olhos? Não consegue se tocar de que tudo isso que promete por plenitude é falso?... Acorda! Ainda está em tempo! Não adianta ficar me olhando com essa cara! Tem que andar ligeiro antes que o sistema engula você! Aproveita que você é bem novo e ainda não está comprometido com nada! Dá tempo de você acordar!... Ainda há tempo! Não deixe eles te engolir! A vida é muito, mas muito mais do que essa insana correria para trabalhar e pagar suas contas! Você precisa acordar para isto antes que seja muito tarde! Você pode continuar internamente tirando sarro do fato de eu me intitular como um "Fiscal da Natureza"... Aliás, é bem isso que todo "normótico" costuma fazer: rotular aquilo que ele não conhece, mas que morre de vontade de conseguir fazer!... Diga-me uma coisa: quantas árvores você viu durante o percurso da sua casa para o seu trabalho?
- Para ser franco, não prestei atenção!
- E quantas nuvens você viu? Prestou atenção no formato de alguma delas?
- Não!
- Quantos pássaros você viu?
- Não vi, ou se vi, não prestei atenção!
- Está vendo? Você tem trinta anos e já está vivendo no automático! Acorda que o pavio da sua vela já está ficando curto! Onde é que você estava quando vinha para o trabalho?
- Acho que preso dentro das minhas preocupações!
- Você quer dizer, em seus pensamentos não é isso?
- Sim!
- O caso é mais sério do que eu pensei... Parece que você já está programado! Já foi infectado pelo vírus social!... Presta atenção, acorda, ainda há tempo!... Você não percebe? Desde que o mundo é mundo, sempre foi assim!... Ninguém resolveu nada! E todos estão morrendo do mesmo modo! Todos estão levando uma existência sem vida, mecânica, padronizada!... Todos estão assistindo a vida da arquibancada, não estão vivendo! Você precisa romper com isso o mais rápido possível, antes que apareçam as prestações da casa própria, as prestações do carro próprio, com os mais diversos tipos de carnes de seguros para pessoas inseguras! Você precisa despertar para a sua natureza... Para o que é real!
- Sabe, ele me disse que quando vê você passando por aqui, caminhando pela calçada lendo seus livros... Ou então, quando vai ao banco e vê você sentado em sua cadeira de praia em frente da sua loja, confessou que sente muita inveja e que fica imaginando como é que você consegue isso... Eu mesmo já pensei isso várias e várias vezes! Sempre que passo aqui, olho para você e vejo que você está sempre na boa!
- Sei que isso não é só com você! Vários me perguntam como faço para ganhar o meu dinheiro! Percebo que a preocupação das pessoas não é em saber se sou feliz, mas sim, se ganho dinheiro! O importante não é a vida, mas o dinheiro! O importante não é ter tempo para si, o importante é ter dinheiro... Eles dizem até que "tempo é dinheiro"... Ninguém está preocupado em saber como ser livre, como ter mais tempo... A preocupação é se é possível viver isso e ter dinheiro!... Grana, grana, grana e mais grana! E se eu lhe disser que nas várias vezes em que você passou por aqui eu estava sem uma moeda se quer em meu bolso?
- Não acredito! Impossível! Ninguém, sem dinheiro, ficaria sentado numa boa, lendo como você fica!
- Por que não?
- Por que isso não é normal!
- E o que pode haver de normal em ficar estressado por não estar com uma reserva prudente na conta de um banco qualquer?
- Sei lá!
- Tem dia que só faço para pagar minhas refeições, mas não estresso com isso! O importante é viver, estar vivo e consciente de que tudo é impermanente! Esse é o lance!
- Mas você não pensa em seu futuro?
- Veja, assim como fazia o Airton Senna, muitos e muitos, com certeza, vivem preocupados com o seu possível futuro... E eu te pergunto: o que o Airton ganhou com isso? Talvez, se tivesse sido mais fiscal da natureza do que piloto teria curtido a vida muito mais!... O grande lance é viver "Só Por hoje"... É muita prepotência se preocupar com o amanhã e deixar de viver o hoje de modo bem vivido!
- Não consigo entender seu modo de pensar!
- É normal! Você só poderá entender se um dia se permitir o movimento!... É um paradigma diferente!
- Por vezes, você é um grande ponto de interrogação para mim!
- Esse talvez seja o grande lance: ser um anônimo, ser um mistério! Eu não estou preocupado em ser compreendido, o que eu quero, é ter paz!
- Mas como você faz para se relacionar com a sua esposa? Ela não te cobra um padrão de vida?
- Você percebeu a insanidade que você me perguntou agora?...
- Não, o que?
- ... "padrão de vida"... Por que você se permite viver num "padrão de vida" estabelecido por terceiros? Por que você se permite influenciar pelas cobranças de terceiros? Por que você se preocupa em satisfazer as expectativas descabidas de terceiros? Em se enquadrar num padrão de comportamento especifico?... Um fiscal da natureza não pode se permitir tal insanidade!
- Você não me respondeu: e a sua esposa?
- Creio que ela vivencia o mesmo que eu! Por isso me apóia!... Já experimentou na pele a falsidade do alcance dos padrões de vida estabelecidos pelo social. Como viu o falso, pulou fora! Hoje, é mais uma fiscal da natureza... É um olho na natureza externa e outro na natureza interna! É uma pessoa de mente aberta e sempre querendo aprender sobre si mesma! Eu e ela vivemos mais ou menos o conteúdo de uma música escrita por Milton Nascimento e Fernando Brant, interpretada pelo cantor Beto Guedes: "... Eu não tenho compromisso, eu sou biscateiro, que leva a vida como um rio desce para o mar, fluindo naturalmente como deve ser, não tenho hora de partir, nem hora de chegar...". Creio que é bem isso! Vamos vivendo como a vida se apresenta! Assim fica muito mais fácil! Cortar a vida em pedacinhos mastigáveis torna tudo muito mais fácil e leve!
- Isso não parece tão simples assim! Percebo que tem várias pessoas que dizem buscar por isso, mas, que na realidade, estão muito longe disso... Fica tudo somente no nível mental! Basta a primeira dor de barriga para voltarem para as suas zonas de conforto! Tem várias pessoas que se dizem comprometidas com isso, mas, que se você for ver bem as atitudes delas, verá que tudo não passa de mera fachada, de mero status... Hoje virou moda dizer que se está em busca de espiritualidade! Até se formou um imenso mercado dentro desse segmento!
- Sem dúvida! O homem mercantiliza tudo e a bola da vez, me parece ser a dita "espiritualidade"!
- Isso me parece ser um fato!
- E isso ocorrer desde os tempos do mito Jesus... Ele mesmo pegou doze bichos-grilo daquela época e pelo que me parece, somente três deles estavam realmente no propósito! O resto devia ser vagabundo mesmo, se esquivando atrás do álibi da religiosidade! Desde aquela época até hoje, o mundo está cheio de padres, monges e pastores que se esconderam do mundo de Deus com a desculpa de estarem em busca do Deus do mundo! Ou melhor, estavam mesmo atrás do Deus do mundo: o dinheiro fácil, sem o mínimo esforço!...
- Você acha mesmo?
- Isso acontece aqui mesmo na loja... Várias foram as pessoas que passaram por aqui se dizendo buscadoras da Verdade... Mas foi só apertar um pouquinho ou dar alguma coisa com mais conteúdo para elas lerem ou pensarem, que acabaram "depressinha" se afastando!... Não voltaram nunca mais! Falemos sobre espiritualidade, mas não toquemos na adquirida social respeitabilidade! Podemos falar do confronto, desde que não toquemos nas zonas de conforto! Se você toca nisso, eles saem correndo!
- Sério?
- Você não precisa acreditar em mim, pode muito bem fazer por você mesmo o teste! Experimente perguntar para as pessoas sobre os assuntos que atravessam a "sala de estar", aqueles assuntos que vão para as áreas mais profundas da intimidade, que ficam na cozinha ou nos quartos de dormir!... Sai todo mundo correndo!... Experimente perguntar para elas se aquilo que elas chamam de amor é realmente amor? Pergunte para elas se já encontraram sua real vocação ou se já encontraram aquilo que dá um verdadeiro sentido para a existência humana? Pergunte para elas se elas já conseguiram sentir prazer de ficar consigo mesmas por um período significativo de solidão?... Verá que fogem de você do mesmo modo que o diabo foge da cruz! E prepare-se para ser rotulado como um chato, um pessimista, um maníco-depressivo ou coisa parecida! E se você tiver a coragem de assumir a sua perene insatisfação, aí meu amigo, prepare-se, pois rótulos não vão faltar!
- Sinceramente não sei se estou preparado para isso! Só de olhar assim por alto, já assusta!
- Se você que já está vivendo no "saguão" desse movimento se assusta, que se dirá daqueles que ainda nem encontraram o endereço deste edifício da "excelência do ser humano"?... Não precisa me responder agora! Vá pensando pelo caminho enquanto dá as suas pedaladas matinais!... Tem mais: é preciso muito cuidado para com quem fazer estes tipos de questionamentos... Isso pode dar um "tilt" geral no individuo!
- Faço idéia! Se para nós já é complicado, imagino para os iniciantes! Isso é muito delicado, pode mesmo desestruturar o cidadão! É preciso prudência!
- Lógico, de certo modo, como dizia Saint Exupéry, "somos responsáveis por aquilo que cativamos"!... E por falar em responsabilidade e ser cativo, tenho que encerrar nossa agradável e nutritiva conversa por aqui, pois tenho que limpar meu cativeiro comercial, além de ver as outras responsabilidades que me cabem! Isto é um verdadeiro regime semi-aberto! Sair da cela pela manhã para ir ao trabalho assistido pelo cartão de ponto e voltar à noitinha para a mesma cela, juntamente com outros cativos!... Dê uma olhada nos vagões do Metrô, no horário da volta do trabalho... Nem transporte de presos é tão apertado!
- Pode crer! Vou nessa! Passo por aqui durante a semana para continuarmos este papo! Vê se se cuida!
- Valeu garoto! Vai na boa fiscalizando a natureza! Se descobrir a natureza exata do conflito humano, venha e compartilhe comigo! E a propósito: da próxima vez que aqui vier, traga seu amigo com você!
- Deixa comigo!... Só espero que ele tenha tempo!

sábado, 26 de maio de 2012

A inconsciente inversão de valores


A inversão de valores a que muitos de nós fomos e a que somos excessivamente expostos é gritante e perniciosamente enclausurante. Somos respeitados pela grandeza de nossas cambiáveis e desgastantes propriedades e não pela propriedade original de nossas idéias, consciência e visão de mundo. Somos respeitados pela artificial beleza dos móveis de nossa sala de estar e não pela natural beleza que move nosso bem-estar. Somos respeitados se aos outros recebemos com uma mesa farta, mesmo que nossa mente e coração permaneçam vazios e famintos, os quais tentamos saciar, como a grande maioria, de forma totalmente inconsciente, através da busca exterior, no prazer, no prestígio, na ânsia de poder que possibilita o consumo materialista e o alienante entretenimento. Damos a indevida atenção à decoração, enquanto negligenciamos a qualidade de vida e coração.

Nesse aprendido modo inconsciente de existir, continuamos, como adultos crianças, a brincar de viver, construindo nossas casinhas, colecionando nossos carrinhos de ferro e plástico, colecionando bens tecnológicos conseguidos no jogo do mercado do Banco financeiro imobiliário e, raramente, quando nos sombra tempo, exaustos, ligeiramente brincamos de ser mamãe e papai, médico e enfermeira, amantes destituídos de real amor.

Como adultos, adulterados e adulterantes mercadores, através do nosso consentimento servil, perpetuamos esses valores irreais que nos distanciam do Real, falsos valores esses que nos vem de berço, incrementados por um sistema de educação que nos instiga a ser funcionários servis de uma competitiva e desumana máquina alienante, à qual damos o nome de sociedade. Pela ação do medo, somos sócios anônimos dessa fábrica do não-Ser.

Quando crianças, não somos instigados ao questionamento que potencializa as sementes da integridade humana. Ao contrário, pela ação do medo comparativo, somos instigados à imitação rentável e não à descoberta de nossa real vocação, imitação esta que, ao seu tempo, inevitavelmente nos joga no beco escuro e vazio de um estado de existir destituído de real sentido e capacidade de sentir, estado este que tentamos narcotizar através das mais variadas formas de compulsão, as quais tentamos com muito esforço mante-las desconhecidas daqueles que nos mantemos psicologicamente dependentes devido nossa ânsia por aceitação condicionada.

A grande inversão de valores é esta: incentivados por terceiros desconhecidos, em favor da busca de objetivos auto-centrados motivados pela necessidade de segurança psicológica, deixamos de celebrar a alegria de viver; abraçamos a momentânea superficialidade eufórica do ter, descartando assim, a natural e eterna alegria de Ser.


Nelson Jonas


A Arte de Viver



Foto : Daniela Souza Indalencio

Por inúmeras razões as pessoas buscam em suas vidas orientações e treinamento. Umas estão atravessando doenças, outras mudando de profissão ou iniciando um novo projeto e desejam ser eficientes quanto lhes é possível. Algumas buscam encontrar um propósito para suas vidas. Todas almejam uma relação mais significativa com suas verdadeiras identidades, com as pessoas a quem amam e aspiram por uma profunda conexão com o Divino.

Em determinado ponto, compreendemos que podemos estar fazendo a vida mais difícil do que realmente ela deve ser e observamos crescentes frustrações, ressentimentos ou desapontamentos. Em nossas vidas diárias talvez deixamos de sentir alegria ou sentimos que não há tempo, dinheiro, amor, ou criatividade suficientes para mudar a nossa situação. Parece que perdemos o ardor e o entusiasmo que fariam com que nossos sonhos se tornassem realidade.

Ao buscar orientação, passamos a olhar para a nossa vida como a Jornada do Herói. O Herói é aquela parte de nós que permanece constante e corajosa, independentemente do que aconteça ao nosso redor. É o nosso Eu autêntico — a essência que realmente somos, a despeito dos traços de nossa personalidade ou do drama que algumas vezes ronda nossas vidas. Termo usado pelo filósofo Joseph Campbell, o herói é o arquétipo daquilo que nos incentiva a prosseguir em nossa jornada.

Você pode redescobrir o Herói dentro de si e experienciar maior completude, alegria e satisfação em sua vida ao seguir alguns passos. Comece, primeiramente, por se perguntar: Estaria tudo bem se a minha vida fosse mais fácil? Fazendo essa pergunta a si mesmo você pode sentir vontade de sorrir e, ao fazê-lo estará novamente se conectando com o Divino em seu interior. Fazer determinada pergunta nos permite iniciar um caminho em direção ao íntimo.

Pergunte-se, a seguir: Possuo o desejo de ser autêntico? Encontre as qualidades que tem maior significado para você e afirme a importância delas em sua vida. Pode ser um exemplo como: Desejo ser corajoso e amoroso, criativo e bondoso quando interagir com as pessoas hoje?

Terceiro, comece a observar ao invés de analisar a sua vida. Quando analisamos, mantemo-nos envolvidos na mesma conversação que, primeiramente, fez com que parássemos ao contrário de ir em frente. Contudo, ao observar, damos a nós mesmos um espaço para discernir o que está acontecendo à nossa frente e passamos a agir com sabedoria.

Quarto, manter-se desejoso para dizer "sim" àquilo que é, mesmo para aquelas situações que lhe estão trazendo desconforto.  Quando você diz "sim", está aceitando os fatos da situação, mas não seu poder sobre você. Aceitação nos permite estar abertos para o campo das possibilidades e ver que existem muitas escolhas à nossa frente. Dag Hammarskjold que presidiu as Nações Unidas, falou certa vez, "Para tudo aquilo que passou digo, 'Obrigado'. Para tudo que está à minha frente, digo 'sim'! O sim transforma a energia em nosso corpo e faz com que nosso corajoso coração torne-se acessível para expressar algo criativo e diferente".  

Através da boa vontade, auto-reflexão, observação e aceitação, somos capazes de agir a partir da autenticidade e de viver vidas plenificadas com significado, coragem e possibilidades.

Carla MacClellan - Spiritual Coatching

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ter ou ser?




Sem uma profunda entrega ao reino da ilusão do ter, torna-se impossível a manifestação do sofrimento necessário para a instalação do estado de desilusão iniciática, através da qual se abrem as portas do Reino da Consciência que somos. Sem a vivência do sono com sonhos materialistas, não há como se conhecer o despertar para a prática da meditação que aponta para o Real.
  
NJRO 

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Constatações sobre anjos e demônios



Alguém disse certo dia: 

"Amigos são anjos que nos deixam em pé, quando nossas asas têm problemas em se lembrar como voar"...

Penso que, amigos também são como demônios que nos atiram ao magma da verdade, quando imaginando ser como bondosos anjos, de olhos fechados, insistimos em voar junto às perigosas nuvens do auto-engano, onde inevitavelmente, dolorosos problemas sempre se apresentam...

Nelson Jonas


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Constatações sobre o uso da palavra


Você já soube de uma rosa que tenha se preocupado se o seu aroma seria ou não do agrado daqueles que com ela entrassem em contato? Soube de uma rosa tentar adaptar sua fragrância conforme o gosto de alguém? Um pássaro modificar seu canto para alegrar quem insiste em lhe forçar à conformação ao cativeiro? Em vista disso, por que deveria eu fazer o mesmo com relação ao que escrevo e falo? Pois então, feito a ação de um bisturi, que as palavas possam ser cortantes e profundas e, ao mesmo tempo, possibilitarem a tão necessária abertura para um saneador processo de cura.

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Queridos em primeiro lugar eu me considero um intelectual outsider , coisa aqui rara no Brasil , não pertenço a nenhum partido, não pertenço a nenhum grupo inclusive a nenhum grupo de intelectuais não respondo a nenhum credo , não participo de qualquer militância . ( Milton Santos . )

Meus escritos são para aqueles que desejam receber a verdade, num estado de mente simples e infantil, pois eles possuirão o reino de Deus. Escrevi unicamente para aqueles que buscam; para os astutos e expertos, nada tenho a dizer...
Agrada ao Supremo revelar seus segredos através do tolo, olhado pelo mundo como sendo um nada; percebe-se que seu conhecimento não procede destes tolos, mas Dele. Portanto, peço que considerem meus escritos como sendo os de uma criança a quem o Supremo manifestou Seu poder. Há tanto dentro deles, que nenhum tipo ou quantidade de argumentação ou raciocínio pode compreender ou alcançar; mas para os iluminados pelo Espírito, sua compreensão é fácil, e não passa de uma brincadeira de criança. – Boehme

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