" Eu vi um poço fundo e escuro; em sua borda havia um balde amarrado em uma corda. Eu vi o balde sendo baixado para dentro do poço e, quando ele foi novamente puxado para cima e para fora da escuridão, ele estava transbordante de água clara e pura. Eu ouvi as palavras: Bem dentro de cada alma existe a pureza do Espírito. Procure sem pressa até encontrá-la e, então traga-a à tona." Eileen Caddy
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Guardiães de Limiar



Cuidado:

Esta é uma porta aberta em ritos de catarse. Sequiser entrar,entre.Se quiser sentar, sente.
Se não gostar do que vê, pegue suas máscaras, fantasias, alegrias, tristezas e mazelas ocultas e siga em frente, com meus sinceros votos de boa sorte!
Caso queira voltar, traga mais um amigo: no que depender de mim a porta estará
Sempre aberta e atualizada...

...

Quando um filósofo enuncia ideais para o indivíduo ou para a sociedade, sua compreensão imediata é tanto difícil quanto mais eles se elevam sobre o preconceito e o palavrório convencionais no ambiente que o rodeia; o mesmo acontece com a verdade do sábio e com o estilo do poeta. A sanção alheia é fácil para o que está de acordo com as rotinas tradicionalmente praticadas; é difícil quando a imaginação não confere maior originalidade ao conceito ou à forma...

Cada época possui certos ideais que pressentem melhor o futuro: entrevisto por poucos, seguidos pelo povo ou sufocados pela sua indiferença, ora predestinados a orientá-lo como pólos magnéticos, ora condenados a permanecer latentes até encontrarem a glória no momento e clima propício. E outros ideais morrem, porque são crenças falsas: ilusões que o homem forja sobre si mesmo ou quimeras verbais que os ignorantes perseguem dando golpes na sombra.

Sem ideais seria inexplicável a evolução humana. Houve e haverá sempre. Palpitam por trás de todo esforço magnifíco realizado por um homem ou por um povo. São faróis sucessivos na evolução mental dos indivíduos e das raças... Os fatos são pontos de partida; os ideais são os faróis luminosos que de trecho em trecho iluminam o caminho. A história da civilização mostra uma infinita inquietação de perfeição, que os grandes homens pressentem, anunciam ou simbolizam. Ante esses arautos, em cada momento da peregrinação humana se nota uma força que obstrui os caminhos: a mediocridade, que é a incapacidade de ideais...

Os ideais vivem da Verdade, que vai se forjando; nenhum ideal prosperará se não estiver de acordo com seu tempo... Seres desiguais não podem pensar da mesma maneira. Sempre haverá um contraste evidente entre o servilismo e a dignidade, a mediocridade e o gênio, a hipocrisia e a virtude. A imaginação dotará alguns de impulso original para o perfeito; a imitação organizará em outros os hábitos coletivos. Sempre haverá, por força, idealistas e medíocres.

O aperfeiçoamento humano se realiza em ritmo diferente nas sociedades e nos indivíduos. A maioria possui uma experiência subordinada ao passado: rotinas, preconceitos, domesticidade. Os poucos eleitos não variam; esses homens, que buscam a perfeição e estão dispostos a se emanciparem de seu rebanho, são os "idealistas"... Os espíritos iluminados por algum ideal são adversários da mediocridade: sonhadores contra os utilitários, entusiastas contra os apáticos, generosos contra os calculistas, indisciplinados contra os dogmáticos. É alguém ou algo contra os que não são ninguém nem nada. Todo idealista é um homem qualitativo; possui o sentido das diferenças que lhe permite distinguir entre o mau que observa e o melhor que imagina. Os homens sem ideais são quantitativos: podem apreciar o mais e o menos, mas nunca distinguem o melhor do pior...

O hábito organiza a rotina e não projeta nada para o futuro; só dos criativos, a ciência espera suas hipóteses, a arte sei vôo, a moral seus exemplos, a história suas páginas luminosas... A excessiva prudência dos medíocres sempre paralisou as iniciativas mais fecundas... Todo idealismo é, portanto, um anseio de cultura intensa: entre seus inimigos mais audazes está a ignorância, madastra das rotinas caducas.

Na evolução humana os ideais se mantêm em equilíbrio instável. Todo aperfeiçoamento real é precedido pela experiência e pelo esforço dos pensadores audaciosos, obcecados, avessos ao passado, embora sem a intensidade necessária para violentá-lo. Essa luta é um fluxo perpétuo entre o que é melhor concebido e o menos realizado. Por isso, os idealistas são obrigatoriamente inquietos, como tudo que vive, como a própria vida; contra a tendência pacífica dos rotineiros, cuja estabilidade parece inércia da morte. Essa inquietação exacerba os grandes homens e os gênios se o meio for hostil a suas quimeras, como costuma ocorrer. Não inquieta os homens sem ideais, que são a argamassa informe da humanidade.

Toda juventude é inquieta. Só dela pode se esperar o impulso para o melhor: jamais pode se esperar dos decrépitos e dos senis. E só é sã e iluminada a juventude que olha para a frente e não para atrás; nunca os envelhecidos de poucos anos, prematuramente domesticados pelas superstições do passado: o que neles parece primavera é prenúncio de outono, a ilusão da aurora que já é o declinar do crepúsculo. Só existe juventude nos que trabalham com entusiasmo olhando o futuro: por isso no caráter excelente ela pode se sobrepor à corrosão dos anos.

Nada se pode esperar dos homens que iniciam a vida sem abraçar apaixonadamente um ideal; para os que nunca foram jovens todo sonho parece sem sentido. E não se nasce jovem: a juventude deve adquirida. E sem um ideal não se adquire.

Os idealistas costumam ser esquivos ou rebeldes aos dogmas sociais que os oprimem. Resistem à tirania da engrenagem niveladora, rejeitam qualquer coação, sentem o peso das honrarias com que tentam domesticá-los e torná-los cúmplices dos interesses criados, dóceis, maleáveis, solidários, uniformes na mediocridade comum. As forças conservadoras que compõem o subsolo social pretendem amalgamar os indivíduos, decapitando-os; detestam as diferenças, abominam as exceções, condenam aquele que se afasta em busca de sua própria personalidade. Original e imaginativo, o criador não teme seus ódios: desafia-os, mesmo sabendo que são terríveis porque são irresponsáveis. Por isso todo idealista é uma afirmação viva do individualismo, embora persiga uma quimera social; pode viver para os outros, nunca dos outros. Sua independência é uma reação hostil a todos os dogmáticos. Conscientes de sua incessante perfectibilidade, os temperamentos idealistas querem afirmar em todos os momentos de sua vida, como Dom Quixote: "eu sei quem sou". Vivem animados por esse desejo afirmativo. Em seus ideais cifram sua ventura suprema e sua perpétua desventura. Neles aquecem a paixão que anima sua fé; esta, ao chocar-se com a realidade social, pode parecer desprezo, isolamento, misantropia: a clássica "torre de marfim" desaprovada e atribuída a todos os que se arrepiam ao contato com os obtusos. Pode-se dizer que sobre estes Teresa de Ávila deixou escrita uma eterna metáfora: "Bichos de seda somos, bichinhos que tecemos a seda de nossas vidas e no casulo da seda nos encerramos para que o bichinho morra e do casulo saia voando a borboleta".

José Ingenieros

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Queridos em primeiro lugar eu me considero um intelectual outsider , coisa aqui rara no Brasil , não pertenço a nenhum partido, não pertenço a nenhum grupo inclusive a nenhum grupo de intelectuais não respondo a nenhum credo , não participo de qualquer militância . ( Milton Santos . )

Meus escritos são para aqueles que desejam receber a verdade, num estado de mente simples e infantil, pois eles possuirão o reino de Deus. Escrevi unicamente para aqueles que buscam; para os astutos e expertos, nada tenho a dizer...
Agrada ao Supremo revelar seus segredos através do tolo, olhado pelo mundo como sendo um nada; percebe-se que seu conhecimento não procede destes tolos, mas Dele. Portanto, peço que considerem meus escritos como sendo os de uma criança a quem o Supremo manifestou Seu poder. Há tanto dentro deles, que nenhum tipo ou quantidade de argumentação ou raciocínio pode compreender ou alcançar; mas para os iluminados pelo Espírito, sua compreensão é fácil, e não passa de uma brincadeira de criança. – Boehme

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