" Eu vi um poço fundo e escuro; em sua borda havia um balde amarrado em uma corda. Eu vi o balde sendo baixado para dentro do poço e, quando ele foi novamente puxado para cima e para fora da escuridão, ele estava transbordante de água clara e pura. Eu ouvi as palavras: Bem dentro de cada alma existe a pureza do Espírito. Procure sem pressa até encontrá-la e, então traga-a à tona." Eileen Caddy
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domingo, 20 de novembro de 2011

Qual seu grau de instrução?



Convencer pessoas instruídas é tarefa ingrata. Porque as instruídas já têm o domínio – ou são dominadas – pelas suas próprias instruções.
Tampouco convencer as não instruídas. Porque as não instruídas detêm suas convicções inalteráveis.
Não escrevo para convencer ninguém.
Escrevo para me elucidar. Para me elaborar e ficar de bem comigo e com o mundo. Porque é dessa forma que eu coloco pra fora o que me apavora. O que me devora.
De nada adianta desenvolver tratados e teses sobre as ações a serem adotadas para um convívio melhor dentro da sociedade, enquanto persistir a seguinte atitude:
—“eu sei o caminho que você deve tomar para ficar bem”.
Por mais instruções sobre o melhor caminho, por mais que esteja provada e aprovada a eficácia do seu caminho através do próprio exemplo, algo bastante óbvio é.... para a maioria, imperceptível de tão óbvio... que cada um trilha o seu caminho. O valor do caminho está no caminhante, e não no caminho.
A introdução de cada um em algum caminho, seja ele qual for, depende do seu grau do ‘saber’, do quanto sabe de si, do quanto está imbuído do Ser, da Presença do Ser. Isto não requer instrução nenhuma. Pode ocorrer a um analfabeto. Aliás, creio ser mais fácil esta ocorrência em pessoas com pouca instrução, pois possuem menos barreiras e menos bloqueios para ouvirem sua ‘voz interior’ - a única capaz de ofertar esta espécie de ‘saber’.
Como alguém ‘de fora’ poderia favorecer a manifestação desta ‘voz interior’ de forma autêntica e inegável?
Somente quem tem acesso a sua própria ‘voz interior’ estaria apto a tal favorecimento, devendo haver prontidão para tanto. Porque existem os que têm acesso à sua ‘voz interior’, porém não estão dispostos a contribuir com a facilitação deste acesso nos outros, tomando-o como um veículo de poder.
Favorecer a escuta da ‘voz interior’ é o maior bem que uma pessoa pode fazer a alguém.
Tomemos um exemplo. Vamos supor que queremos realizar um evento.
Existem pessoas que podem criar circunstâncias de resistência ao atendimento de nosso objetivo. Porém, ao ofertar a tais pessoas o que elas realmente querem para se aquietarem, ocorre o livramento no caminho e poderemos percorrê-lo sem ameaças e sem resistências. O mesmo pode ser feito sobre nossas inclinações internas, nossa multiplicidade de ‘eus’.
Neste ponto, é necessário fazer um alerta: não estou justificando subornos, nem fazendo apologia à corrupção, pois estaria corrompendo a mim mesmo. Ressalto, também, que não estou defendendo o pagamento de propina para tirar do caminho quem o está impedindo. Esta oferta é típica de manipuladores. Não é desta espécie de oferta a qual me refiro. Estou tentando colocar aqui, como já disse acima, um registro pessoal sobre a maneira de atuação dos diversos ‘eus’ observados por mim, e em mim. Não há a intenção de fazer nenhum ‘tratado’ sobre este tema, apesar de me esforçar ao máximo para expor da forma mais clara possível. O único ‘tratado’ nestas linhas sou eu.
A oferta em evidência tem base na arte de manifestar o seu grau de plenitude; sendo este, pois, um imprescindível modo de ‘tocar’ o outro, de se comunicar com o que existe de mais pleno no outro. Você oferece o que existe de mais pleno em você, seja lá em que nível esta plenitude esteja – mesmo que não esteja no grau máximo característico dos ‘iluminados’; afinal, nem eu e nem você, que está lendo estes parágrafos, estamos no grau de ‘iluminados’ – e esta sua oferta faz surgir o que há de mais pleno no outro. É simples assim. É a comunicação de minha ‘voz interior’ com a sua. Neste nível de comunicação, impedimentos são dissolvidos feito um ‘passe de mágica’.
Há momentos em que é necessário dar o que as inclinações pedem, sempre se lembrando do quanto ainda funcionam como barreiras ao fluxo contínuo da Presença do Ser. No entanto, a intensidade das inclinações tende a diminuir e, em certas horas, nem há intensidade nenhuma, apenas um vago resquício de lembrança do alívio, porém sem pressão.
Nestes instantes, nestes momentos de recrudescimento destes vestígios, podem ocorrer recaídas.
Creio que, enquanto estivermos vivendo em realidades falíveis e imperfeitas, quais sejam as realidades deste mundo e desta humanidade, sempre haverá vestígios e resquícios sobre as lembranças de nossas mais vis inclinações, por mais ascetismo que tenhamos adotado.
O que podemos fazer é elucidar tais inclinações e, conseqüentemente, elucidaremos as realidades ao nosso redor, o que nos deixaria munidos de ferramentas para a gradativa modificação de tais realidades no entorno.
Somente o fato de conseguirmos elucidar a nós mesmos – enquanto conjunto de diversos ‘eus’ fragmentados – já contribui, inexoravelmente, para o alívio da intensidade nas pressões exercidas pelas realidades ao nosso redor.
Ora, à maneira do desimpedimento na trajetória de uma ação para a sua efetiva realização, por meio de ofertas para aquietar possíveis adversidades no percurso, também se pode fazer concessões aos mecanismos internos – ainda intensamente reagentes aos obstáculos – com o objetivo de realizar, de vivenciar, a Presença do Ser.
E, reforçando o dito acima, à medida que este procedimento se repete, o desaparecimento gradual das reações intensas e desarrazoadas, torna-se algo palatável e palpável, deixando - cada vez mais livre – o contínuo de um estado desperto.
Sendo, então, possível vivenciar o fenômeno da transmutação de nossas realidades circundantes e, num efeito-cadeia, modificar realidades mais abrangentes, pois estaríamos imbuídos de um modo de ser, no mínimo, inquietante, e, ao mesmo tempo, portadores de quietude, algo aparentemente paradoxal. Mas apenas aparentemente.
Liban Raach

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Queridos em primeiro lugar eu me considero um intelectual outsider , coisa aqui rara no Brasil , não pertenço a nenhum partido, não pertenço a nenhum grupo inclusive a nenhum grupo de intelectuais não respondo a nenhum credo , não participo de qualquer militância . ( Milton Santos . )

Meus escritos são para aqueles que desejam receber a verdade, num estado de mente simples e infantil, pois eles possuirão o reino de Deus. Escrevi unicamente para aqueles que buscam; para os astutos e expertos, nada tenho a dizer...
Agrada ao Supremo revelar seus segredos através do tolo, olhado pelo mundo como sendo um nada; percebe-se que seu conhecimento não procede destes tolos, mas Dele. Portanto, peço que considerem meus escritos como sendo os de uma criança a quem o Supremo manifestou Seu poder. Há tanto dentro deles, que nenhum tipo ou quantidade de argumentação ou raciocínio pode compreender ou alcançar; mas para os iluminados pelo Espírito, sua compreensão é fácil, e não passa de uma brincadeira de criança. – Boehme

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