" Eu vi um poço fundo e escuro; em sua borda havia um balde amarrado em uma corda. Eu vi o balde sendo baixado para dentro do poço e, quando ele foi novamente puxado para cima e para fora da escuridão, ele estava transbordante de água clara e pura. Eu ouvi as palavras: Bem dentro de cada alma existe a pureza do Espírito. Procure sem pressa até encontrá-la e, então traga-a à tona." Eileen Caddy
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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Socorro, não estou sentindo nada!


NJ: Oi!

AZ: Oi, bom dia!

NJ: Bele?

AZ: Tudo e você?

NJ: Veja, estou bem, mas, o vazio e a falta de sentido judiam... Fui tomar café na padaria só para passar o tempo.

AZ: Ah! Sim, sem dúvida! Esse vazio está aqui, independente de ter ou não coisa para fazer.

NJ: Isso que pensei!

AZ: Estou cheia de coisas e ele está aqui, presente.

NJ: Fiquei me questionando se haveria diferença entre estar numa rotina atarefada ou numa rotina não atarefada... Qual sentido de ficar no trânsito parado logo cedo como vi agora?

AZ: É um estado de ser que depende de algo maior. Não depende de coisas mundanas.

NJ: Qual o sentido de ficar parado aqui, como estou, agora? Isso que sinto, mas, fico questionando se isso também não seria uma desculpa, um escapismo para justificar a falta de inteligência para perceber algo com real sentido para empregar as energias.

AZ: E como "perceber" por mim mesma?

NJ: Boa pergunta!

AZ: A inteligência não vem da mente!

NJ: Concordo! Mas, o fato é que já não aguento mais ficar procurando o que fazer.

AZ: Imagino! Deve ser muito ruim mesmo, só resta a fazer, coisas físicas.

NJ: As opções que se apresentaram na mente, não diferem muito do conhecido, que por sinal, em nada me tocam. Não estou falando isso depressivamente, mas, de modo inteligente.

AZ: Sim.

NJ: Não vejo lógica, o que se apresenta é puro entretenimento; acho profundamente fútil.

AZ: É, ontém a noite estava pensando nisso... Mais uma vez!

NJ: Pela manhã, na padaria, olhei para o suporte dos jornais, onde alguns homens folheavam as primeiras páginas... A mente pede para comprar o jornal, para ter o que fazer com o tempo... Mas qual o sentido de me anestesiar com as noticias do dia anterior?... E qual o sentido de me anestesiar com textos espiritualistas?

AZ: Que sentido tem acordar cedo, trabalhar feito camelo, chegar em casa quebrada, apenas para ter o sustento dessa existência? Vejo o tempo se esgotando igual uma ampulheta... O tempo está correndo e não espera não!

NJ: Ai, na volta para casa, a mente diz que devo procurar um emprego qualquer, apenas para me manter ocupado...

AZ: Ai é que você ia enlouquecer!... Do jeito que você é... Ter que conviver com os mais variados tipos humanos, que na maioria, de humano, não têm nada... Conviver com a vaidade das pessoas, com o EGO inflado a mil... Porque elas estão totalmente identificadas com as exigências do sistema. Para mim, o mais importante é estar nisso e não me corromper, estar sem ser, mas, é profundamente desgastante! Tem hora que tenho vontade de mandar os outros pra aquele lugar!...

NJ: Mas, o problema maior é que não sei o que realmente gostaria de estar fazendo... Ai fico aqui ouvindo um programa de rádio, alguns, sem dúvida, muito criativos, mas, cuja produção, só serve para alegrar um ego dormente, não me alimenta, é tudo "bacaninha", e todo mundo acha "demais", mas comigo, apenas, "bacaninha"... Seria o sentido de estar nesta vida, apenas conseguir um bom emprego remunerado, ou criar algo que possa "entreter", "distrair"? Entreter e distrair o outro de seu próprio sentimento silencioso e disfarçado da mesma falta de sentido?... Seria conseguir um emprego bem remunerado com o qual possa fugir da própria solidão, meu próprio sentimento de falta de sentido através do consumo e viagens?... Só para ser mais um tendo um monte de coisas para falar sobre as atividades externas que em nada alimentam o interno?... Sinceramente? Não sei! Não me faz sentido!

AZ: Isso nada me interessa, nada! Quero mais!

NJ: Quero algo mais, de algo que não sei dizer o que é! Só sei que o que está ai, não faz sentido e novamente lhe afirmo que falo isto sem o menor sinal de depressão, isso vem através de um raciocínio lógico!

AZ: Por isso que estou constantemente insatisfeita! Porque, o que tem ai, não me diz nada! Não quero nada disso, quero algo que me preencha, e justamente pra não precisar de nada disso que se encontram nessas distrações pra lá de vencidas!

NJ: Falo isso de forma muito conscientemente e responsável. Não vejo sentido em comprar uma carteirinha para frequentar o "coro dos contentes" e ainda ter que pagar por isso, uma mensalidade cara demais para meu espírito!

AZ: Exatamente! Não quero ser contente, quero ser feliz!

NJ: Sei que se comentasse isto com alguém que não se apercebeu de nada disso, porque nunca foi capaz de fazer perguntas fundamentais, lógico que seria logo rotulado, me seria dado um diagnóstico de doença, ou me receitaria algo, no mínimo, igualmente vazio e embotante.

AZ: Sabe o significado da palavra “Contente”?... Que está satisfeito com a sua sorte ou com alguma coisa específica alegre, prazenteiro. 2 ant Que causa alegria ou satisfação... Ah! Vendo aqui o significado de feliz, também não quero!... Feliz, adj (lat felice) 1 Favorecido pela boa sorte, pela fortuna. 2 Que tem um sentimento de bem-estar. 3 Ditoso. 4 Satisfeito. 5 Bem combinado. 6 Bem imaginado. 7 Bem executado. 8 Que teve bom êxito: Empresa feliz. sup abs sint: felicíssimo... Está vendo? Tudo está associado ao externo, ao material; que saco!

NJ: Pois é! Sinceramente? Não sei o que fazer! Tudo que se apresenta, sinto ser muito superficial... Os contatos são superficiais... As falas são superficiais! As mesmas conhecidas piadas sem sal e sem açúcar! Os mesmos assuntos desgastados! Tudo muito mecânico, rotineiro! Um monte de longínquos acontecimentos externos e nada dos mais próximos sentimentos internos.

AZ: Sim! Não tenho vontade de abrir a boca perto das pessoas, não tenho o que dizer e, por vezes, isso me dá a sensação de emburrecimento!

NJ: Sei como é isso! Sem dúvida!

AZ: Sinto falta de algo maior mesmo.

NJ: Hoje, uma frase do Brian May, o guitarrista do Queen, me chamou muito a atenção...

AZ: Manda!

NJ: ...“Passei 20 anos de minha vida construindo o Queen e, agora, gasto anos de minha vida tentando me livrar dele...”

AZ: Entendo bem o que ele quis dizer com isso!

NJ: Para os sensíveis, isso dá muito no que pensar! Ela aprova nossa teoria de que seja lá qual for o tamanho da realização externa, o vazio, o tédio e a insatisfação estarão sempre lá!

AZ: Sem dúvida! Temos falado muito sobre isso! A pessoa consegue o sucesso externo, mas, não o interno e, quando passa o efeito do sucesso externo, vem o vazio dar as boas vindas!

NJ: Isso prova que sucesso e reconhecimento social não podem de forma alguma ser o sentido da busca de uma existência.

AZ: Não mesmo, isso é fato! Caso contrário, por que então, tantos famosos se matam ou terminam seus dias numa verdadeira bancarrota física e/ou moral?

NJ: Isso não tem nada a ver com a verdadeira "realização", ou seja a ação de tornar manifesto o que é REAL...

AZ: Sim! A pessoa que está nesse caminho do material, ela é um saco sem fundo... Está sempre precisando adquirir algo, senão ela depara com os próprios fantasmas, com o próprio vazio e, como não quer se deparar com isso, entra na ciranda de adquirir mais e mais coisas rapidamente descartáveis... Cada hora uma aquisição, cada hora uma mercadoria diferente.

NJ: Sem isso, elas não são nada! Sem isso, elas não tem do que falar! Elas acreditam que são os seus empregos e aquilo que elas conseguem através deles!... Não é nada fácil se manter no ócio, sem se anestesiar com algo que se torne um vício; isso é o que percebo; há sempre o impulso para fazer algo, nem que seja através de algo que coletivamente seja considerado como uma "ação espiritual". Muitos tentam dar sentido às suas vidas através de "se doarem" em atos de "caridade", o que na realidade, não passa de egoísmo disfarçado. Não se trata de um transbordamento de amor, mas sim, de fazer uso da precária situação do outro, para aplacar a própria situação insuportável. Quando se vê isso, e se percebe que em si mesmo não há esse transbordamento, como é possível se dedicar a tal idéia socialmente alimentada?... O pior é que são raros aqueles que tem a coragem de não ficar com esse bla-bla-bles social e assumir para si e para os demais que vivem da mesma situação. Estava vendo aqui, parece que nosso amigo Nabil se encontra na mesma atmosfera. Depois, se der, confere lá:

http://confrariadosdespertos.blogspot.com/2011/12/cest-la-vie-e-isso.html

AZ: Show esse texto do Nabil... Maravilhoso! Parece que ele estava na nossa conversa.

NJ: Pois é! Ele, como nós, é um boêmio, um outsider! Bem, preciso dar uma saída. Nos falamos mais tarde. Segura o vazio ai, e sem anestesiar! De fato, esta foi uma das raras conversas nutritivas! Obrigado por ela! Vou nessa! Beijos!

AZ: Beijos! Até!


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Queridos em primeiro lugar eu me considero um intelectual outsider , coisa aqui rara no Brasil , não pertenço a nenhum partido, não pertenço a nenhum grupo inclusive a nenhum grupo de intelectuais não respondo a nenhum credo , não participo de qualquer militância . ( Milton Santos . )

Meus escritos são para aqueles que desejam receber a verdade, num estado de mente simples e infantil, pois eles possuirão o reino de Deus. Escrevi unicamente para aqueles que buscam; para os astutos e expertos, nada tenho a dizer...
Agrada ao Supremo revelar seus segredos através do tolo, olhado pelo mundo como sendo um nada; percebe-se que seu conhecimento não procede destes tolos, mas Dele. Portanto, peço que considerem meus escritos como sendo os de uma criança a quem o Supremo manifestou Seu poder. Há tanto dentro deles, que nenhum tipo ou quantidade de argumentação ou raciocínio pode compreender ou alcançar; mas para os iluminados pelo Espírito, sua compreensão é fácil, e não passa de uma brincadeira de criança. – Boehme

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