Foto: Nelson Jonas - Local: Av. Paulista - Palco de fim de ano
Por volta das 8h30m, à caminho da padaria para o café matinal, num enorme terreno baldio que antes servia de estacionamento para alguns poucos carros dos moradores de um prédio da mesma rua, um enorme bate-estacas, com seu estrondoso barulho, fincava as enormes vigas de ferro para a estruturação da fundação de um novo edifício. Em frente ao terreno, da janela do andar superior da casa, um senhor de fisionomia oriental, com olhar perturbado, à tudo observava.
Parece-me que todo progresso ocorre do mesmo
modo: inicialmente, há um período de demolição, o qual produz enorme confusão;
depois, dá-se um período de nivelamento, o qual é seguido do barulho proveniente
da instalação dos novos fundamentos. Há períodos em que a obra parece nunca ter
fim, no entanto, quando menos se espera, o colorido final se apresenta e, com
ele, um novo espaço de vida e alegria.
Com o homem, parece ser do mesmo modo...
Inicialmente, enorme é a confusão gerada pela crise de valores e a sua
consequente demolição de ilusões criadas ao longo dos anos pela excessivas
exposição à conceitos, crenças, dogmas e pela incontável variedade de
condicionamentos sociais. O período seguinte, traz uma espécie de assentamento,
um período de nivelação, onde a confusão inicial, já não se faz presente; é como
um momento de respiro, um platô, onde se reúne o material necessário, os
ajudantes necessários, para dar início a imensa tarefa da construção psíquica,
emocional e espiritual, capaz de revelar a obra-prima que o homem traz em si, em
retardado estado embrionário. Em cada etapa, especializados "mestres de obras"
se apresentam como respeitados guias no canteiro de obras do ser. A cada etapa
vencida, em cada patamar de consciência alcançado, maior e mais bela a sua
capacidade de visão, maior a ação do silêncio e a qualidade do ar, do sopro que
lhe inspira.
Como numa obra, a estrutura externa, visível aos olhos, é a que leva menos tempo de construção. O mais difícil e trabalhoso está no movimento interno, no acabamento e na decoração. Neste período, quando se olha de fora, tudo parece estar estagnado, nada parece estar ocorrendo, chegando a dar a impressão de que a obra encontra-se largada, em estado de abandono. Esse é um período à que muitos chamam de deserto. Nesse período é que todos os suportes, todos os andaimes de sustentação — inicialmente tão necessários — são deixados para trás. O trabalho agora, é muito mais delicado, muito mais minucioso, um trabalho que requer muito do nosso feminino, um trabalho onde, alma e coração, harmonicamente, se mostram profundamente essenciais. Apesar da intensidade do abrupto barulho inicial não mais se fazer presente, este, aqui também se apresenta, de forma mais amena, no entanto, quase que sequencial. Paciência e determinação são as principais ferramentas deste momento da obra, para que não ocorram futuramente, vazamentos, curto-circuitos e perda de energia que possam colocar em risco tanto o bem-estar pessoal, como coletivo.
No canteiro de obras do ser, não existe momento que seja mais relevante, todos cumprem seu determinado papel, sua determinada função, sem os quais, tornaria-se impossível a manifestação da obra-prima que somos, um dia planejada, na mente amorosa do Grande Arquiteto Criador.
Nelson Jonas
Como numa obra, a estrutura externa, visível aos olhos, é a que leva menos tempo de construção. O mais difícil e trabalhoso está no movimento interno, no acabamento e na decoração. Neste período, quando se olha de fora, tudo parece estar estagnado, nada parece estar ocorrendo, chegando a dar a impressão de que a obra encontra-se largada, em estado de abandono. Esse é um período à que muitos chamam de deserto. Nesse período é que todos os suportes, todos os andaimes de sustentação — inicialmente tão necessários — são deixados para trás. O trabalho agora, é muito mais delicado, muito mais minucioso, um trabalho que requer muito do nosso feminino, um trabalho onde, alma e coração, harmonicamente, se mostram profundamente essenciais. Apesar da intensidade do abrupto barulho inicial não mais se fazer presente, este, aqui também se apresenta, de forma mais amena, no entanto, quase que sequencial. Paciência e determinação são as principais ferramentas deste momento da obra, para que não ocorram futuramente, vazamentos, curto-circuitos e perda de energia que possam colocar em risco tanto o bem-estar pessoal, como coletivo.
No canteiro de obras do ser, não existe momento que seja mais relevante, todos cumprem seu determinado papel, sua determinada função, sem os quais, tornaria-se impossível a manifestação da obra-prima que somos, um dia planejada, na mente amorosa do Grande Arquiteto Criador.
Nelson Jonas
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