O que é a ansiedade? Como ela nasce? A
ansiedade é um estado psíquico agitado provocado pela sensação de perda de
"valores" que causam tensões no corpo e podem levar ao estresse e, até mesmo, à
exaustão. Fomos, ao longo de milênios, programados a projetar pensamentos,
criando, assim; os ideais. Com base neles associamos fictícios valores ao
que precisamos, ou melhor, ao que achamos que precisamos. Não estou falando das
reais necessidades do corpo. Esses valores, a que me refiro, são valores sociais
e não valores vitais, reais. Esses valores passaram a ter fortes significados em
nossas vidas, porque psicologicamente nos vinculamos a eles, mas eles são
fictícios, artificais. São invenções de uma sociedade que está estruturada no
que é falso, no que é ilusório.
Nessas condições, quando traçamos metas a serem alcançadas, - as quais podem variar, no sentido temporal, de curtíssimo a longuíssimo prazo -, deixamos de lado o que é o mais importante em nossas vidas: o Presente. Não falo do que pensamos sobre o Presente, que é o presente-pensamento ou o presente pensado, que dá no mesmo. Pois, o verdadeiro Presente escapa ao pensamento, pois ele é atemporal e adimensional. Não podemos pensar sobre ele, mas nele - estando presente - podemos pensar com lucidez. Melhor explicando: quando se está vivendo no Verdadeiro Presente, pode-se fazer uso do pensamento, quando isso realmente se fizer necessário. A grande diferença aqui, é que o pensamento está sendo usado pela Consciência e não, o pensamento fazendo (criando) a consciência como normalmente acontece. A consciência gerada pelo pensamento é fragmentária e fragmentadora, pois, é a consciência relativa; que é a consciência nascida das relações espaços-temporais de fragmentos de memórias, de partes soltas (cinzas), e não a Consciência Verdadeiramente holística, global e completa.
Por trás da ansiedade, encontra-se sempre a identificação com falsos valores e o medo de perdê-los. Este último é um sentimento negativo que está fixado na raiz mestra do psiquismo humano. Pois quando fazemos projeções futuras, com nosssos pensamentos, "acendemos", geramos o medo que está sempre a nos dizer: 1) Cuidado! Não se esqueça dos seus compromissos firmados consigo mesmo; 2) O que você está fazendo agora, no presente, é bobagem se ele lhe afasta dos seus objetivos; 3) Seus objetivos são as coisas mais importantes de sua vida, etc.
A primeira pede para que não nos esqueçamos dos nossos compromissos. Esses compromissos estão fixados em valores que foram firmados e alimentados por uma sociedade que é dominada pelo pensamento que ambiciona chegar ao sentimento de satisfação total, de completude. Só que, na verdade, essa satisfação total e não fugídia, e a completude, não podem ser conquistadas pelo pensamento, pois, foi exatamente pelo domínio do pensamento sobre a Verdadeira Consciência que o sentimento de insatisfação e de incompletude se instalaram na mente humana. A segunda cobrança do pensamento é para verificarmos se o que estamos fazendo, no presente, está de acordo com nossos compromissos, com nossos ideais, pois, se não, devemos largá-lo ou resistirmos psicologicamente à ação. Porém, se está de acordo com o planejado: está tudo bem, e, assim, devemos fortalecer o vínculo, a identificação. Pessoal, o fortalecimento do vínculo, da identificação, não passa de uma sutil fuga AO QUE É; fuga do Presente. Só um expectador imparcial, destacado é que pode perceber essa artimanha enganadora do pensamentopara dar continuidadeai seu próprio movimento. Por último, o pensamento diz: seus objetivos são as coisas mais importantes da sua vida, pois, sem eles, você passará a ser uma criatura sem sentido, sem esperanças e, estará fadada ao fracasso e a desgraça. Com essa artimanha, o pensamento fecha todo o ciclo e realimenta esse sistema vicioso e interminável. Pois, quando os objetivos, os ideais não são traçados pela Verdadeira Inteligência, que está sempre em fase com o Aqui e Agora, os resultados são sempre catastróficos para o indivíduo. Isso pode não ser bem visível aos "olhos" condicionados, pois, os dilatados espaços de tempo entre causas e efeitos enganam a mente condicionada. Fazem ela perder a sequência, o fio do meado, mesmo dentro desse falso contínuo espaço-tempo.
Uma coisa que o pensamento nunca diz e nunca o irá dizer é que no Verdadeiro Presente, o Ser pode fazer tudo, inclusive, projetar ideais e realizá-los sem pressa alguma. Pois, para que a pressa se já se tem tudo o que realmente se necessita? Algumas coisas, ações - mesmo para o Ser - necessitam ser realizadas, mas isso é feito dentro da inteireza e nunca se constitui num problema e nem arrebata a mente do estado de Presença. Só no verdadeiro presente é que existe a verdadeira Felicidade, a verdadeira Paz. Toda corrida humana para conseguir realizar pensamentos ambiciosos e, principalmente, gananciosos, afasta-nos do Presente, e, consequentemente, da Verdadeira Paz.
O mais estranho de tudo isso, é que a
antonomia do pensamento nos tira, arrebata-nos do Verdadeiro estado de
Felicidade, e, na sequência, o próprio pensamento diz: vamos atrás de nossas
felicidades; vamos encontrá-la, custe o que custar.
Finalizando: A coisa mais importante que pode existir é a nossa completa atenção ao que nos está acontencendo e ao que estamos fazendo no Presente. O resto faz parte da grande ilusão, da grande enganação.
Vinícius G A Gerra
Nenhum comentário:
Postar um comentário