O homem livre precisa ser leal, antes de tudo ao próprio EU, o que implica no direito de ser o que é. A pessoa que sente que não é nada, que percebe que todo mundo — e até ela mesma — duvida dela, que tem o íntimo fraco, pode tornar-se presa fácil de toda espécie de influência política totalitária. Os caçadores de lealdade e os juramentos de lealdade podem provocar a deslealdade das pessoas para com a própria liberdade e integridade pessoais, pois que despertam suspeitas em nós mesmos e nos outros. É exatamente a presença da oposição que mantém de pé a liberdade — mesmo à custa do risco da divergência e da subversão generalizada.
A lealdade é uma consequência da confiança recíproca; não pode ser compulsivamente criada. Toda compulsão, é por natureza, unilateral. A lealdade deve ser merecida e diariamente conquistada através da interação mútua e do contato. Por ser baseada na confiança, a lealdade é dada espontaneamente e de livre vontade. A verdadeira lealdade não se compra nem se exige.
(...)
A subversão de opiniões não pode nunca ser crime. O direito de divergir é a pedra angular da democracia... Não se pode avaliar a fidedignidade de ninguém com base em seus pensamentos e sentimentos, tal como se nos apresentam. Em primeiro lugar, nunca podemos saber o que está por detrás de uma fachada aparentemente leal. Em segundo lugar, o homem que, à procura da verdade, é levado a explorar muitos pontos de vista heréticos, pode ser exatamente o mais leal pelas ações. Bem pode essa própria exploração conduzi-lo ao julgamento refletido, que fundamenta a verdadeira lealdade. O que vale em qualquer homem é a firmeza e a integridade de seu comportamento e sua coragem de tomar posição, não sua conformidade com o dogma oficial.
Joost A.M. Merloo
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